• Porca não dança a polca

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  • 04/04/2018 13:05

    Existem fatos que ocorrem a cada dia e de tanto se repetirem, viram “lugar comum”. Parece que ninguém observa ou fica por isto mesmo – os erros e agressões ao vernáculo que não são corrigidos e se continua errando, inconscientemente,  e ninguém se dá conta, talvez, até, para não constranger terceiros. São vícios de linguagem que é comum como “Mortandela”; outro é “mermo” em vez do pronome mesmo. E por ai vão assassinando  a língua pátria, mas uma que não pode se deixar de corrigir é a “porca” do parafuso, vulgarmente referida como “polca” em qualquer loja – aliás, fato que necessita ser corrigido e aí passa-se a responsabilidade para os próprios donos dos estabelecimentos orientarem seus funcionários.

    Parafuso com porca é o tipo de produto que, raramente, compro, mas precisei de duas unidades e, ao pedir numa loja, o atendente separou o material e veio a pergunta sistemática – “Mais alguma coisa além dos parafusos e polcas?”. Fiz a necessária correção mas o rapaz me olhou enviesado como se não acreditasse.

    Tais erros são constantes, o que me veio à lembrança um samba muito cantado na década de ´70, o divertido “Assassinaram o camarão”, com os “Originais do Samba”, integrado pelo humorista Mussum. Uma paródia inteligente e divertida que, como tudo que é bom e original, cai no esquecimento. Assim, se eu possuísse o dom de letrista de música, iria escrever um similar como  – “Porca não dança polca” – o que, possivelmente, traria mais confusão, mas esclarecendo: 

    “Dança popular da Boêmia (parte do antigo Império Austro-Húngaro integrada à Tchecoslováquia), introduzida nos salões europeus da era pós-napoleônica com o atrativo da aproximação física dos dançarinos, ao prever duas possibilidades de evolução do par enlaçado: rodeando (um giro após seis passos, com meio giro no terceiro, e outro depois dos três últimos), ou, mais animadamente, com rápidos pulinhos nas pontas dos pés. Tudo dentro de um compasso binário simples, de movimento em “allegretto”, cujo ritmo à base de colcheias e semicolcheias, com breves pausas regulares no fim do compasso, permitia aos pares as novas possibilidades de aproximação dos corpos que viria a chamar popularmente de dançar agarrado. Foi introduzida no Brasil na noite de 3 de julho de 1845 no palco do Teatro São Pedro, no Rio de Janeiro, pelas duplas de atores Felipe e Carolina Cotton e Da Vecchi e Farina – segundo pesquisa de Vicente de Paula Araújo.”

    Portanto, para fim de conversa, dou uma dica em trova, para quem se interessar: “Porca que dança uma polca,/ é arruela sem rosca – / que roda mas se revolca/ e fica tonta qual mosca.” – (dicionarizando: volcar = virar). – jrobertogullino@gmail.com


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