• Você faz desaquecimento ou também esquece?

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  • 14/08/2022 08:00
    Por Professor Luiz Carlos Moraes

    Quem acompanhou o Tour de France com as 21 etapas e as 8 das mulheres percebeu assim que os atletas terminam exaustos cada etapa eles vão pedalar em velocidade baixa (de 20 a 50% do VO2 máximo) no chamado “rolo” para fazer a recuperação ativa. Esse procedimento tem por objetivo dissipar o lactato sanguíneo seja por oxidação ou conversão em glicose ou aminoácidos e tem amplo respaldo na literatura (Barnett, 2006 e Tomlin DL, 2001). No caso deles que no dia seguinte já tem nova etapa igualmente pesada eles precisam se recuperar o mais rápido possível. Nessa situação de competição acirrada e/ou treinos fortes como os intervalados o corpo necessita desaquecer o que tecnicamente já se conhece na Educação Física de volta à calma. O procedimento é necessário principalmente por duas boas razões. Em primeiro lugar eles chegam em alta intensidade gerando quantidade considerável de lactato. Pois bem, para que o lactato seja dissipado mais rapidamente é preciso que o atleta continue a fazer o próprio exercício de modo lento, em aerobiose, produzindo oxigênio e arrastar o lactato. A segunda razão é que a frequência cardíaca está no máximo e a parada repentina pode causar um desequilíbrio entre a ejeção ventricular e o retorno venoso. O desaquecimento consegue equilibrar com mais eficiência todo o sistema cardiovascular. Além disso, toda a musculatura em ação, no caso as pernas, espera-se que estejam com vários microtraumatismos gerando o líquido inflamatório que contribui com o processo da dor muscular tardia. O desaquecimento promove o arrasto desse líquido contribuindo com a fase seguinte de reconstrução muscular evitando a fadiga.

    Um bom álibi a favor da recuperação é que os intervalos nos treinos intervalados quando se usa o modo ativo o resultado é sempre melhor do que nos intervalos passivos (parado). Portanto, qualquer treino forte de corrida como os intervalados e/ou as competições é sempre bom fazer um trote leve por alguns minutos logo depois ou mesmo uma caminhada. Claro que ninguém vai morrer se não fizer. Em competições, principalmente, a gente sempre esquece de fazer desaquecimento. Até eu. “Supostos” entendidos nas redes sociais dizem que desaquecimento é bobagem.

    Literatura Sugerida: 1) ASCENSÃO, A. et al. Fisiologia da fadiga muscular: delimitação conceptual, modelos de estudo e mecanismos de fadiga de origem central e periférica. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2003. 2) LANIER, A. B. Use of nonsteroidal anti-inflammatory drugs following exercise-induced muscle injury. Sports Medicine, Auckland, 2003.

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