• Histórico de acesso às câmeras foi apagado após assassinato de petista no Paraná

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  • 03/08/2022 13:02
    Por Bruno Zanette, especial para o Estadão / Estadão

    O histórico de acessos às imagens das câmeras de segurança do local onde o agente penal Jorge Guaranho assassinou o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu (PR) foram apagados no dia 11 de julho, dois dias após o crime. É o que aponta um laudo pericial, anexado nesta terça-feira, 2, na ação penal e solicitado pela Polícia Civil do Paraná. Guaranho é réu no caso e responde por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e por colocar em risco a vida de outras pessoas.

    “Ao analisar as configurações do equipamento identificou-se que o serviço de acesso remoto P2P estava ativado e que às 08h57min02seg do dia 11/07/2022 ocorreu um evento de ‘Limpar’ que apagou todos os registros de eventos do aparelho anteriores a esta data. Logo, pela análise dos logs presentes não foi possível afirmar se houve acesso às imagens na data de 09/07/2022”, diz um trecho do laudo. Os peritos também concluíram que “não foram encontrados indícios de adulterações” nas gravações das imagens das câmeras.

    O registro de acesso às imagens é um fator importante na investigação para descobrir quem teria mostrado a Jorge Guaranho que na Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresf) ocorria uma festa com temática do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 9 de julho.

    Procurado pela reportagem, o presidente da Aresf, Antonio Marcos Borges de Souza, disse que não tinha conhecimento sobre o registro de acesso ter sido apagado. “Não tinha conhecimento desta situação, mas estamos à disposição da Justiça para mais esclarecimentos, caso necessário”, respondeu por mensagem. Segundo a presidência da Aresf, somente integrantes da diretoria do clube possuem acesso às câmeras e Guaranho deixou a diretoria em janeiro deste ano, mantendo-se apenas como sócio.

    A defesa da família de Marcelo Arruda aguarda a perícia nos telefones celulares de Jorge Guaranho e dos integrantes da diretoria da Aresf que estavam com Guaranho em um churrasco na Associação de Empregados da Itaipu Binacional (Assemib), onde o agente penal teria tido conhecimento sobre a festa de Marcelo Arruda.

    Outro aparelho que passa por perícia a pedido da defesa que representa a família de Marcelo Arruda é o celular de Claudinei Esquarcini, integrante da Divisão de Segurança da Central da Itaipu Binacional. Ele cometeu suicídio no dia 18 de julho, ao se jogar de um viaduto na BR-277, em Medianeira (PR). Segundo a presidência da Aresf, Esquarcini tinha acesso às imagens das câmeras e era integrante da diretoria da associação. No dia do assassinato de Marcelo Arruda, ele estava em serviço pela Itaipu.

    O crime

    Marcelo Arruda foi morto na noite de 9 de julho, durante a própria festa de aniversário de 50 anos, realizada na sede da Associação Recreativa e Esportiva Saúde Física (Aresf). A festa estava decorada com as cores do PT e bandeiras do ex-presidente Lula.

    O agente penal Jorge Guaranho é sócio da Aresf e assumidamente apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a Polícia Civil, ele teria ido até o local com o intuito de provocar os participantes da festa, gritando palavras como “Mito” e “Aqui é Bolsonaro”. Ninguém na festa conhecia Guaranho. Para o Ministério Público, o crime se deu em razão das divergências políticas entre os dois.

    Marcelo Arruda chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos dos dois tiros que recebeu e morreu na madrugada de 10 de julho. Jorge Guaranho segue internado em uma ala de enfermaria no Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu. Ele está consciente e sob custódia policial, pois teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.

    Guaranho levou quatro tiros disparados por Arruda ao revidar o ataque. Além disso, também foi atingido por chutes na cabeça e em outras partes do corpo por convidados da festa que retornaram ao salão após o fim do tiroteio. Essas pessoas estão sendo investigadas em um inquérito à parte.

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