• Ópera barroca abre série em espaço alternativo

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  • 03/08/2022 08:15
    Por João Luiz Sampaio, especial para o Estadão / Estadão

    Em vez do palco, arquibancadas. Músicos e cantores no centro. O próprio espaço como personagem. É com essas propostas que a Sala do Conservatório, na Praça das Artes, recebe nesta quarta-feira, 3, a ópera Acteón, de Marc-Antoine Charpentier, com direção cênica de Leonardo Ventura e direção musical de Juliano Buosi.

    A produção, que será apresentada também na quinta e na sexta, inaugura a série Ópera Fora da Caixa, criada pelo Teatro Municipal de São Paulo para pensar o gênero em espaços alternativos – serão outros dois espetáculos ao longo do segundo semestre: L’Isola Disabitata, de Haydn, em outubro, e uma nova obra do compositor Maurício de Bonis, em dezembro.

    “A busca por um outro espaço esteve na gênese do espetáculo e na interpretação. Desde o início, me pareceu mais interessante entender os elementos da história, do barroco, a relação da ópera com o mito. E a partir daí construir uma leitura. Uma das premissas do barroco é que tudo aparece em camadas, e o que busquei foi traduzir esses elementos para hoje, oferecendo vários pontos de vista”, explica Ventura.

    Acteón foi escrita no final do século 17 a partir de um dos episódios das Metamorfoses de Ovídio. O personagem-título descobre por acaso, em uma floresta, Diana e suas irmãs que, preocupadas com a possibilidade de ele revelar seus segredos, o transformam em um veado. Um grupo de caçadores chega e o procura; mas seus cães matam Acteón sem saber de que se trata do jovem rapaz e não de um animal selvagem.

    GRUTA E VALE

    Ventura constrói a gruta de Diana sobre o palco e, na plateia, cria um vale com a posição das arquibancadas onde estará o público. Mas a sua concepção não diz respeito apenas à configuração do espaço. Ele entende os caçadores como figuras que adentram um novo território que pretendem conquistar e devastar. Diana, a essa altura, na transformação de Acteón, representa um limite para essa destruição.

    O diretor resolveu também criar um prólogo para a história. “Como não haverá legendas, achei importante situar o espectador, explicar o que acontece. E nesse prólogo teremos também uma pessoa em transformação, uma pessoa trans feminina, que é agente da transformação, da cena, do espaço, dos corpos”, explica.

    A realização musical estará a cargo de músicos da Orquestra Sinfônica Municipal e do Coro Lírico Municipal, regidos por Juliano Buosi. Entre os solistas, especialistas na música barroca, como a soprano Marília Vargas e o contratenor Jabez Lima.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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