Com o primeiro caso de varíola dos macacos (Monkeypox) confirmado em Teresópolis, nesta semana, aumenta a preocupação com a chegada da doença em Petrópolis. No início da pandemia de Covid-19, a cidade vizinha também foi a primeira da região a notificar um caso positivo, e logo depois, foi confirmado o primeiro caso em Petrópolis. Embora o município, até o momento, não tenha casos confirmados da varíola, o primeiro caso na cidade vizinha acendeu um alerta na população também para este novo surto.
O professor José Henrique Castrioto, do Departamento de Doenças Infectoparasitárias da Faculdade de Medicina de Petrópolis (Fase/FMP), explica que a varíola dos macacos é altamente transmissível e como a população pode se proteger.
“Se trata de mais uma doença viral, altamente transmissível, com transmissão respiratória e cutânea, através do toque. Ela faz lesões parecidas com as da catapora, com vários estágios de evolução. Começam na cabeça e descem para o corpo. Primeiro aparece a febre, depois os caroços e, por fim, a erupção”, disse Castrioto, salientando que a doença não tem uma tendência de evolução para casos graves, mas pode ter outros sintomas sérios.
“(A varíola dos macacos) tem um potencial menor de gravidade, mas existem complicações. Pode causar sepse, insuficiência respiratória, encefalite. Mas em geral, as necessidades de internação são menores”, disse o professor.
Uma peculiaridade da doença é que o período de isolamento após a infecção varia para cada paciente, mas geralmente são necessárias pelo menos duas semanas sem contato com outras pessoas para evitar a transmissão.
“O grande problema é o período de isolamento que a pessoa vai ter que passar, uma vez que as lesões transmitem até a última crosta cair, e geralmente aparecem múltiplas lesões pelo corpo inteiro. O afastamento pode chegar, facilmente, a mais de 15 dias”, completou José Henrique Castrioto.
Sobre a prevenção à doença, o médico diz que a população deve “continuar mantendo as proteções, que na verdade são as mesmas da Covid”, como o uso de máscaras, especialmente em ambientes fechados e com grande quantidade de pessoas, higienização constante das mãos com água e sabão; higienização de bancadas e equipamentos de uso comum; além de usar camisinha em relações sexuais, já que a transmissão, além de respiratória, é também cutânea inclusive em pacientes ainda sem os sintomas.
Estado tem 115 casos confirmados
No total, 115 infecções foram confirmadas no Estado, sendo 96 na Região Metropolitana I, 12 na Região Metropolitana II, um na Região dos Lagos, um no Noroeste, um na Região Serrana e quatro casos importados, de pessoas que moram fora do Estado. A última atualização de casos no Estado aconteceu na segunda-feira.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Teresópolis, o paciente infectado tem 25 anos e não tem relato de viagens recentes para fora da cidade. O município informou, ainda, que a Divisão de Vigilância Epidemiológica de Teresópolis e o ambulatório especializado da UFRJ estão acompanhando o paciente, que apresenta boa evolução da doença.
De acordo com o Estado, há 26 casos em investigação, mas não foi informado em quais regiões estão as suspeitas. Em Petrópolis, até o momento, não há casos confirmados da doença.
Desde o primeiro caso suspeito registrado no estado, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde da SES faz o monitoramento diário dos casos, em parceria com os laboratórios de referência da Fiocruz e da UFRJ e as secretarias municipais de Saúde.
A SES informou ainda que emitiu notas técnicas para orientar as ações a serem adotadas diante de um caso suspeito, assim como proceder o monitoramento dos pacientes confirmados. Embora a doença tenha sido identificada pela primeira vez em macacos, o surto atual não tem relação com esses animais.