Demolição desastrada no Quitandinha
As escavações de uma obra na rua General Rondon,próximo ao número 515, em área que faz parte do projeto original do Quitandinha, são alvo de protestos de moradores e provocaram problemas também na Rua Guatemala.Um trecho de 10 metros da rua deslizou e provocou rachaduras no muro e no terreno da casa vizinha. O problema já acontece há mais de 15 dias e, segundo os moradores do bairro,a situação da rua piorou nessa última semana. Eles questionam ainda sobre a regularidade da construção,já que não foi colocada nenhuma placa no terreno. A Defesa Civil foi acionada e uma multa de cerca de 20 mil foi aplicada. O proprietário e responsável terá de fazer a reconstrução da via e também arcará com os reparos do muro do vizinho.O trânsito da rua Guatemala está funcionando em meia pista e os carros passam por um trecho de aproximadamente 2m. Somando acalçada com a via, o local tem cerca de 4 m de obstrução, com cerca de 10 m de extensão. O muro do terreno apresenta ainda várias rachaduras. O proprietário da casa ao lado, Gustavo Duarte, disseque a obra começou a ser feita há cerca de três meses,mas os problemas se agravaram após a queda do muro.“Os problemas foram acontecendo aos poucos. Primeiro caiu o muro e depois um pedaço da rua, há duas semanas percebi as rachaduras na minha churrasqueira e no terreno. Não é novidade para ninguém, todos sabem que é um aterro. Questionei o responsável da obra, ele disseque o que fez cair foi ter demolido a casa do caseiro que não tinha fundação. Eles disseram também que já haviam colocado ferragem, mas que não conseguem a sustentação pela terra estar molhada. É porque ontem e hoje não choveu, se tivesse chovido teria caído mais. Não estamos dormindo aqui, tenho um filho de dois anos e estamos na casa da minha mãe desde o sábado retrasado”, fala.O presidente da Associação de Moradores do Bairro Quitandinha disse que o terreno onde a obra está sendo realizada foi vendido e a partir de então uma grande quantidade de caminhões começou a circular no local. Ainda segundo ele, não há nenhuma licença para a construção. “Aqui é a entrada da cidade e todos os órgãos responsáveis – Prefeitura,Defesa Civil, Instituto Estadual do Patrimônio Cultural(Inepac) e Iphan – viramo que estava acontecendo e ninguém fez nada. Uma obras em licença e sem fiscalização causou esse tipo de dano. Depois que mexeram no aterro aconteceu o óbvio, a rede de manilhamento foi obstruída e a terra está molhada. Sem falar no cabo óptico da rede de internet,que é o entroncamento principal que liga Petrópolis ao Rio de Janeiro”, diz.De acordo com Zanoni, é de interesse da associação conhecer o projeto arquitetônico do prédio, já que a área vizinha do Hotel Quitandinha é tombada pelo Inepac. “Não tem ninguém trabalhando para resolver o problema da casa do Gustavo ou da rua. É óbvio que não tem projeto de contenção. Queremos conhecer o projeto de arquitetura tendo em vista a legislação específica para o bairro prevista pelo Inepac”, diz.O proprietário do terreno é o empresário Alex Scherer Hammes, que disse que o projeto é construir uma loja de automóveis importados e comentou sobre os últimos acontecimentos. Moradores dizem, no entanto, que um andar inteiro do prédio projetado seria destinado à instalação de uma igreja. “A obra tem o alvará de demolição, já tramitou na Prefeitura e está sendo avaliada no Inepac. O que aconteceu foi a danificação porque o aterro é ruim. No que demoliu a casa, desceu a rua e o muro do vizinho. Já convocamos a Secretaria de Obras e a Defesa Civil para apresentarmos o croqui da obra, para que me autorizem intervir em situação emergencial para que não piore o problema”, declara.A Secretaria de Proteção e Defesa Civil informou que fiscais do Núcleo de Fiscalização de Obras Particulares estiveram no local e multaram o responsável por realização de intervenção sem autorização da Prefeitura. A multa está prevista no Código de Obras.O município esclareceu que o alvará concedido permitia apenas a demolição de um imóvel existente no local,mas a intervenção excedeu a autorização. O responsável técnico foi notificado a apresentar,em três dias, projeto para contenção da rua e estabilização do terreno, garantindo segurança.