Plebiscito sobre charretes: presidente de ONG manifesta preocupação com animais
Em meio à discussão do plebiscito, a ser realizado no dia 7 de outubro para decidir sobre o fim ou não das Vitórias (charretes), o destino dos cavalos, caso a população decida pelo fim do serviço vem preocupando Ana Cristina de Carvalho Ribeiro, presidente da Ong AnimaVida. “O problema é que tem muita gente sonhando com destino para os cavalos que está fora da realidade, pois são cinquenta animais que vão precisar de cuidados, serem doados ou ir para um santuário como muitos defendem”, comentou.
Ana Cristina acompanha os charreteiros desde 2000, quando, incomodada com a situação dos cavalos, convidou um veterinário amigo para ir com ela e fazer uma vistoria informal nos animais. “Passamos pelas charretes, observando cada cavalo e o laudo dele foi que 70% dos cavalos não tinham capacidade de trabalho e partir daí busquei conhecer melhor a situação deles e comecei um projeto, denominado Carreteiro Sangue Bom”.
Com este projeto, conseguimos capacitar os charreteiros e os cavalos sendo acompanhados por um veterinário. Dos 13 charreteiros, apenas dez hoje recebem orientação da AnimaVida e eles com recursos próprios pagam os veterinários e todos os insumos necessários para tratar dos cavalos. “No inicio, todo trabalho era financiado pelo projeto, mas depois, os charreteiros assumiram o financiamento e hoje, eles seguem a orientação do veterinário e financiam com recursos próprios todo tratamento e cuidado dos cavalos”.
Na avaliação de Ana Cristina, hoje os animais que trabalham nas charretes são bem cuidados, passam por uma avaliação trimestral e por isso, a sua preocupação é o que vai acontecer com eles, caso o plebiscito seja pelo fim das vitórias. Ela lembra que os cavalos tem dono e eles podem dispor dos animais como decidirem, inclusive vender e o destino deles seria desconhecido para todos.
Outro destino e defendido por muitos é que os cavalos sejam encaminhados para um santuário. Para Ana Cristina é uma situação complicada, pois os santuários que existem no Brasil são mantidos por organizações não governamentais que passam dificuldades para se manter e vivem de pires na mão pedindo doação. “Estes santuários dependem de doações e quem vai ajudar. Na Europa os santuários que existem são mantidos por pessoas que possuem dinheiro ou empresas e esta não é a realidade no país”.
Para ela a situação é muito complicada e teme pelo pior para os cavalos, frisando que, “atualmente estes animais são muito bem tratados pelos charreteiros e acompanhados por um veterinário”. Ela lamenta que muitas pessoas falam de coisas que não conhecem e quando encontram um cavalo solto na rua ou machucado, logo atribuem a situação ao cavalos das charretes.