• Defesa Civil diz que fluxo de veículos e chuvas podem ser as causas das rachaduras nos prédios da Washington Luiz; laudo técnico contesta versão

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • Laudo elaborado por especialista contesta versão da Defesa Civil

    11/07/2022 08:23
    Por Luana Motta

    O RO elaborado pela equipe técnica da Defesa Civil aponta que as fortes chuvas de fevereiro e março e o fluxo de veículos, podem ter causado as rachaduras nos imóveis na Rua Washington Luiz. O documento foi emitido no mesmo dia em que foi feita a vistoria de elaboração do laudo técnico do engenheiro Conrado Macedo, que aponta causas contrárias. De acordo com o laudo, a obra que está sendo executada pelo Governo do Estado foi o que provocou os danos nas edificações. 

    De acordo com os proprietários, e o próprio engenheiro que acompanha o caso, as primeiras rachaduras apareceram no fim de semana de 21 e 22 de maio. Na segunda-feira, dia 23 de maio, foi solicitada a vistoria da Defesa Civil, que foi realizada dois dias depois, no dia 25 de maio. No mesmo dia, coincidentemente, o engenheiro contratado pelos proprietários também vistoriava as edificações. O RO elaborado pela Defesa Civil naquele dia tenta justificar as rachaduras com o peso provocado pelo movimento de veículos que estão com tráfego em meia pista devido às obras, e a enxurrada que aconteceu em fevereiro e março, o que para o engenheiro, não procede. 

    “Por um lado, no laudo da Defesa Civil, mais ou menos tenta justificar o problema das rachaduras do prédio por causa do aumento no fluxo de carros, porque se tornou uma pista só. Mas isso não procede por vários motivos: primeiro pelo claro motivo que furou (o terreno) um dia e no dia seguinte apresentou as rachaduras. A obra já estava lá há muito tempo, e já estava meia pista. Quanto ao fluxo, na verdade, até entendo a velocidade do carro passando ali. Mas, de qualquer forma, o volume não é tão intenso, para uma pista que está sendo esganada, os carros passam ali com bem menos velocidade justamente por conta de ser uma pista. O fluxo não gerou isso, o fato de estar em meia pista não gerou isso de maneira nenhuma”, diz Conrado.

    O RO da Defesa Civil, a que a Tribuna teve acesso, diz que:

    “No ato da vistoria verificou-se que o imóvel apresenta algumas fissuras, trincas e rachaduras em paredes de alvenaria no 1º e 2º andares e também na coluna e viga do 1º andar junto à entrada, descolamento de emboço/reboco, podendo ter sido causado por vários fatores agravantes, tais como as fortes chuvas ocorridas em 15/02/2022 e 20/03/2022, onde foram carreados materiais de todas as espécies, prvocando (sic) pancadas na parte inferior do imóvel, onde afetou a via pública, deixando o trânsito em meia pista, onde aumenta a vibração junto às construções; face ao deslizamento junto à margem do rio, onde está sendo executada obras emergênciais (sic) de contenção (cortina atirantada);”

    Trecho do RO da Defesa Civil emitido em 25 de maio de 2022.

    Vale lembrar que a abertura para o trânsito de ônibus na Rua Washington Luiz foi autorizada pela CPTrans em 08 de março, antes mesmo da segunda chuva. No dia 31 de março, a Tribuna publicou a notícia de que a Rua Washington Luiz não havia sido vistoriada pela Defesa Civil atestando a segurança da via para a liberação do trânsito, que havia sido novamente autorizada após a chuva de 20 de março. No RO feito pela Defesa Civil no dia 16 de março e apresentado à Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras, no processo de execução da obra de contenção, não menciona risco para a liberação da via para o trânsito de veículos. 

    Também como mostrou a Tribuna neste domingo, um dos proprietários, Mário Mascheroni afirma que, nas duas chuvas de fevereiro e março, não houveram danos aos imóveis. Segundo ele, a enxurrada não chegou nem a avançar dentro das lojas, já que fica em uma parte mais alta do declive.  “Durante as duas chuvas nós não sofremos nada. Nem água entrou no primeiro andar e, agora, por causa da obra, estamos sofrendo o prejuízo. As rachaduras apareceram em maio, dois meses depois das chuvas, e coincidentemente depois da primeira perfuração bem na direção do prédio”, diz Mário.

    Conrado confirma a versão do proprietário e justifica: “Outro fato no relatório da Defesa Civil, fala que está relacionado com as chuvas. As chuvas aconteceram lá atrás em março e não houve nada em relação ao prédio, não aconteceu nada. Aconteceram aqueles deslizamentos na ponta, na beira do rio. Todo descalçamento da pista, mas em relação ao prédio não. Mesmo a pista não. A pista está protegendo o prédio, não só esse prédio, toda a linha de obra. A pista está de certa forma impermeabilizando, não deixando água infiltrar naquela região”, diz o especialista.

    O laudo da Defesa Civil diz que além dos fatores acima citados, “mais alguma outra intervenção, pode estar havendo um recalque”. O documento recomenda que seja feita “uma melhor análise do local (construção e entorno) e se for caso, a realização de sondagem, para implantação de obras de reforço e recuperação da construção e obras na via, de forma a mitigar os riscos”.

    Ainda de acordo com o laudo da Defesa Civil, devido a situação envolver obras públicas, o RO seria encaminhado para a Secretaria de Obras. De acordo com os proprietários não houve nova visita por parte dos técnicos da Prefeitura. A Tribuna solicitou informações à Defesa Civil e à Secretaria de Obras, mas até a publicação não tivemos resposta.  

    Últimas