• Prédios da Washington Luiz precisam de reforço estrutural imediato, aponta laudo técnico

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  • 14/07/2022 08:15
    Por Luana Motta

    Os dois prédios na Rua Washington Luiz que apresentaram rachaduras, após o início da execução das obras de contenção, pelo Governo do Estado, precisam de reforço estrutural imediato. De acordo com o laudo técnico, elaborado pelo engenheiro calculista estrutural Conrado Macedo, que acompanha o caso, não há, no momento, risco de colapso iminente da estrutura das edificações, ou seja, risco de cair, mas com o avançar da obra, a fundação dos prédios pode sofrer nova descompressão, o que vai agravar as rachaduras e pode comprometer as estruturas.

    A obra de construção da contenção da cortina atirantada funciona em duas etapas: a primeira com a colocação dos tirantes, e a segunda com a construção do muro e fixação no talude. Na colocação dos tirantes, é feita a perfuração do terreno, no caso, tem pelo menos 18 metros de profundidade, com fluxo de água e posteriormente concreto. Essa inserção do tirante no terreno deve ser feita com aproximadamente 15 graus de inclinação. O que, segundo o engenheiro, provavelmente não aconteceu. Na margem da via é possível ver a ponta dos tirantes, que estão na direção dos prédios, com inclinação diferente das demais. 

    (Foto: Luana Motta)

    De acordo com Conrado, essa primeira perfuração foi o que provavelmente provocou o descalçamento da fundação. “Onde que gera o problema? É justamente na perfuração do tirante com o fluxo de água. Isso gera uma descompressão no terreno e, claro, (gera a descompressão também) abaixo desta fundação, chamada fundação rasa. Então o tirante passou por baixo ou próximo, no momento que está sendo executado com essa água, quando descomprime o terreno, é quando a fundação cede. Porque o terreno foi descalçado”, explica.

    Agora, o problema pode ser agravado com a segunda etapa da obra, quando será feita a protensão dos tirantes. O muro que será construído será fixado às estruturas de ferro, neste processo, o tirante é submetido a uma carga de cerca de 30 toneladas. O peso, pode movimentar mais uma vez, a fundação dos prédios. Aí, o risco que não era iminente, pode mudar de cenário. 

    “É muito provável que tenha sido isso que tenha acontecido. Quando não se toma as providências cabíveis, de cuidado, de inclinação para baixo, ou o próprio controle de furo. Mesmo que se tome cuidado, fica sujeito a isso. É provável que não tenha atingido a fundação, mas a descompressão do terreno cedeu a fundação”, diz o engenheiro. 

    Como mostrou a Tribuna neste domingo, um dos proprietários, Mário Mascheroni, tem monitorado as rachaduras que apareceram no seu prédio, algumas delas continuam a abrir. “Durante as duas chuvas nós não sofremos nada. Nem água entrou no primeiro andar e, agora, por causa da obra, estamos sofrendo o prejuízo. As rachaduras apareceram em maio, dois meses depois das chuvas, e coincidentemente depois da primeira perfuração bem na direção do prédio”, diz Mário.

    (Foto: Luana Motta)

    “Por outro lado, as edificações não têm risco de cair, necessidade de interdição. Mas houve um descalçamento que se arrumou, vai dar a carga e vai se rearrumar mais uma vez. Tem que fazer reforço de fundação, não para trazer a fundação para cima, mas tem que executar um reforço. Execução de algumas estacas com os blocos de colamento para aquela região, para voltar a dar condições de carga naquelas fundações”, explica Conrado. 

    Leia também: Defesa Civil diz que fluxo de veículos e chuvas podem ser as causas das rachaduras nos prédios da Washington Luiz; laudo técnico contesta versão

    Construção de cortina atirantada não era a única solução

    Segundo Conrado, a construção de uma cortina atirantada no trecho para a contenção da encosta não era a única opção. “É possível (construir a cortina atirantada), a solução não está errada. A solução adotada lá é uma opção, mas não a única. Agora, quem projeta sabe, com certeza, do risco que gera nessa execução do tirante. O risco que gera, como foi o caso”, diz Conrado.

    A obra executada pela empresa Erwil Construções LTDA, contratada pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras, pelo valor de R$ 48 milhões, prevê a contenção da encosta e recomposição de parte da Rua Washington Luiz. O trabalho no trecho começou em maio, e no dia seguinte, segundo os proprietários, apareceram as primeiras rachaduras nas estruturas. 

    Em resposta à Tribuna, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras disse que foram feitas vistorias e a Justiça deve pedir perícia para saber se os problemas foram agravados por conta das obras emergenciais. De acordo com a Secretaria, assim que sair o resultado, caso haja qualquer comprovação, serão tomadas as medidas cabíveis.

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