• Violência e dor

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  • 22/02/2018 12:25

    Vivemos o Tempo Quaresmal, época de reflexão, penitência, perdão e conversão. Na quarta-feira, como de costume, encerrados os folguedos populares se realizou a cerimônia da imposição das cinzas sinal de reconhecimento de nossa condição de criaturas mortais, pecadoras e limitadas. 

    Na Catedral de São Pedro de Alcântara em Petrópolis a cerimônia foi presidida pelo Reverendíssimo Bispo Diocesano Dom Gregório Paixão e concelebrada pelo Pároco Padre Adenilson e Sacerdotes desta Circunscrição Eclesiástica. “Convertei-vos e crede no Evangelho”. (MT.6,1-18) “Lembra-te que és pó e ao pó hás de voltar”, são palavras proferidas durante a Celebração Eucarística. As cinzas utilizadas foram preparadas pela queima de palmas usadas na procissão de Ramos do ano anterior. Lembram, portanto, o Cristo vitorioso sobre a morte.

     O paramento é o de cor roxa usado no Tempo do Advento e no Período Quaresmal. Mas o roxo no advento não significa penitência e sim um recolhimento, purificação da vida pela justiça e verdade, preparando os caminhos do Senhor. Vem acompanhado do sentido de um recolhimento que alimenta uma esperança.  O nascimento de Jesus Redentor da Humanidade. Na Quaresma sim. Esse tom purpúreo entre o rubro e o violáceo simboliza e refere-se a uma profunda interiorização.

     Tempo forte de conversão, penitência, de jejum e oração. É a espera para um grande acontecimento. È a preparação para a Páscoa do Senhor,  a sublime passagem da morte para a vida. Até a natureza nos conclama a examinar nossas consciências, atos, ações e omissões. E no trajeto entre Rua da Imperatriz à Catedral contemplo violetas e agapantos nos jardins do Museu Imperial. 

    Ao passear por Araras, Samambaia, Secretário, Nogueira e Itaipava as quaresmeiras encantam o cenário me lembrando dos imensos campos europeus repletos em lavandas e tulipas em tons roxos e lilases…Ressalte-se que o tema da Campanha da Fraternidade em 2018 é “Fraternidade e superação da violência, tendo como lema Em Cristo somos todos irmãos.” (Mt23,8). Essa violência inclui também a qualquer ação contra a vida, a natureza ou a sociedade que possa causá-las prejuízo ou destruí-las por completo. E ela parece querer se transformar em fato corriqueiro e se alastra pelos quatro cantos do País. 

    Os saques, assaltos e mortes são tantos que uns, a cada dia que passa, se superam e os motivos são os mais diferentes desde o tráfico, furtos, roubos, descontroles, maldade e requinte de crueldade. O Rio de Janeiro, por exemplo, está sob Intervenção Federal. Esperamos que a população residente e transeunte possa transitar em paz. O que temos assistido torna-nos inseguros e envergonhados. Uma das cidades mais belas do mundo e, sabemos nós, tão violenta. 

    Perigo há em todo o mundo e seja qual for a cidade daqui ou dali requer cautela e eterna vigilância, mas, o medo apavora e assusta. Que Deus nos conceda homens sérios e comprometidos com o bem-estar social e o mais rápido possível  vejamos riscados do mapa a corrupção, os desmandos e as falcatruas. Que a saúde, moradia e a educação não sejam uma retórica e discursos de palanque, mas, realidade. A verdade é que roubam, furtam, subtraem e o Brasil prossegue o seu destino.

     Supliquemos aos céus menos ganância e maior partilha, o pão nas mesas dos ricos e dos pobres e vida plena entre as famílias. Nosso povo é alegre e cordato e gosta de carnaval, praia e futebol, mas, ai dele se não amenizasse essa dor e o desencanto que assola e aflige! Não resistiria.


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