Espelho, espelho meu
É, não pertenço ao que, vulgar e ironicamente, denominam de casta e nem procuro migalhas dos poderosos que se locupletam mancomunados em detrimento do povo, porque tenho pudor e postura. E não sofro de fanatismos desmedidos, de ufanismos injustificáveis, nem de endeusamentos imerecidos. Não sou melhor que ninguém mas também não sou todo mundo, sou apenas eu e é o quanto basta, com meus erros e acertos, mas sempre usando parâmetros para distingui-los. E o que precisa ser dito, eu digo, sem agredir fatos e nem mascará-los para camuflar a verdade, se não me escondo atrás de cortinas. Podem acusar-me de tudo, menos de omisso e apático, mesmo que me torne antipático. É a minha maneira de ser da qual não fujo, andando de cabeça erguida e de peito aberto apoiado na palavra, como bem comprova meu endereço no final dos textos para dirimir quaisquer dúvidas. Não sou irascível e respeito opiniões alheias, por questão de bom senso, e espero que respeitem as minhas, apoiado na democracia e não no totalitarismo.
Abracei o caminho da espiritualidade kardecista e não me contamino com a meta de vida da maioria – ganância, riqueza, vaidade e holofotes, e muito menos carrego no íntimo cargas negativas, como ódio, vingança e inveja, mas sim, forças para superar e corrigir as mazelas da vida que nos são impingidas, inclusive pelos governos que sempre lá estão por culpa única e exclusiva do fanatismo desacerbado do povo que em tudo acredita se, na minha idade, há muito deixei de dar-lhes crédito, já que venho do regime Vargas. Quando garoto, sofri a ignorância da opinião pública, insuflada pelo governo que, por trás, “suicidava” comunistas e terroristas e induzia o repúdio aos que carregavam o “pecado original” de serem filhos de italianos, alemães ou japoneses. É o preconceito repulsivo, sem motivo, que existe no subconsciente da maioria sem que percebam.
E cresci ouvindo conselhos maternos, o pilar moral que herdei, e que carrego até hoje. Quanto aos presidentes que passaram nestes longos anos, todos tiveram um lado positivo e outro negativo bem mais pesado pelas duvidosas competências de cada um, se todos saíram mais ricos que entraram, como sempre (com exceção dos militares), uma vez que todo político, por comodidade e esperteza, usa antolhos e só consegue olhar para cima – o poder, e para baixo – o próprio umbigo.
Há muito, alguém tornou público, por e-mails, seu “asco” por mim e, em resposta, escrevi: – “Não carrego tais sentimentos negativos, mas você, que tem pouca mais de metade de minha idade e uma estrada mais longa a percorrer, desejo que vá deixando pelo caminho toda sua arrogância e prepotência, e vá colhendo a humildade das plantas que nascem e ficam no chão”. – jrobertogullino@gmail.com