• Memórias e afetos marcam a 35ª Casacor

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  • 06/07/2022 08:15
    Por Ana Lourenço / Estadão

    Uma das coisas mais importantes na hora de decorar uma casa é contar uma história. O estilo, a arquitetura e a decoração devem ser apreciados pelo morador, claro. Mas são aqueles pequenos objetos cheios de significados que transformam a moradia em um lar. Seja um desenho do filho emoldurado na parede ou um tapete herdado da avó que enfeita a sala. Com esse sentimento em mente, a 35ª edição da Casacor São Paulo lança o tema “Infinito Particular”.

    A palavra-chave da edição é “contemplação”, não só mais no sentido de explorar as tendências e ideias trazidas para a decoração, mas também de apreciar o sentimento geral de aconchego. Como se depois de tanto estresse e fadiga mental que vivemos durante os dias mais intensos da pandemia, agora pudéssemos respirar um pouco mais.

    Pensando nisso, foram criadas sete praças de bem-estar, que convidam o visitante a relaxar e apreciar a decoração, o verde e os elementos naturais que instigam o toque: desde tecidos até a palha natural e a madeira.

    A pressa da agitada Avenida Paulista e do dia a dia de uma grande cidade é contrastada por ambientes que prezam pelo resgate do tempo. Sejam com lembranças, com um espaço para apreciar uma bela arte e ser rodeado pelo verde ou pela possibilidade de sentir os objetos, as emoções e as histórias ali compartilhadas.

    MEMÓRIA

    Qualquer um que passe pelo edifício 2073 da Avenida Paulista poderá observar a exposição gratuita da comemoração de 35 anos da Casacor, que ocorre no térreo e propõe uma viagem pelas últimas décadas da arquitetura e do design de interiores brasileiros.

    Já dentro do percurso, na alameda dos homenageados, há seis salas de 50 m², cada uma para um nome consagrado da Casacor. Dentre eles, Consuelo Jorge que instalou 42 telegramas pessoais em uma de suas paredes. “Esse painel é uma homenagem à minha mãe, que faleceu ano passado. Eu fui cuidar dela e achei guardados diversos telegramas que ela recebeu em seu casamento, em 1964”, diz. Gabriel Fernandes, que participa pela primeira vez da mostra paulistana, decidiu falar sobre a Praia Grande, onde viveu durante a infância.

    “É um ambiente que me coloca em momentos em que me conecto com coisas do espaço – a mesa de centro, com areia da Praia Grande, o painel ondulado, que remete ao orgânico das ondas, a agulha de costura da Adrianna Eu, que tem uma memória afetiva com a minha mãe costurando quando eu era criança. Ele é a minha conexão forte com o lugar com que me sinto representado”, diz.

    Já aqueles que não trazem memórias de lugares trazem memórias do que são. Seja um tipo de revestimento que lembra a casa de infância, uma cadeira de balanço que usava na casa da avó ou uma metáfora sobre o que se é, como fez Karol Suguikawa. “Esse espaço é uma grande galeria de projetos que eu tinha no meu portfólio. A poltrona vértice é um método que desenvolvi onde eu leio peças curvas – que, no meu imaginário, são femininas, e transformo essas peças com outro gênero”, conta ela, que é a primeira arquiteta transexual a realizar um projeto na Casacor São Paulo.

    HOMENAGEM

    A arquitetura é um ponto marcante nos ambientes, quando falamos do lugar que acolhe a edição, o Conjunto Nacional. “Quisemos contar a história desse edifício supericônico. Por isso, deixamos os pilares aparentes descascados, deixamos o teto à mostra”, exemplifica Patrícia Hagobian, criadora da Casa Vértice. “O vértice nada mais é do que o ponto de encontro das linhas e o Conjunto Nacional é isso: comércio, entretenimento, moradia.”

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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