Nova presidente da Caixa quer criar comitê para apurar denúncias de assédio
Nomeada para a presidência da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques pretende criar um comitê de crise com uma força tarefa para apuração das denúncias de assédio sexual no banco. À frente da Caixa, a ex-secretária do ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende reforçar ainda mais a governança do banco estatal e montar uma estrutura de apuração das denúncias e isolando a crise do resto do negócio da Caixa para não contaminar a operação da instituição financeira.
Marques deve tomar posse no início da semana da próxima semana, depois da renúncia do ex-presidente Pedro Guimarães, envolvido em um escândalo de assédio sexual e moral durante a sua passagem pelo banco estatal, desde 2019.
O nome de Marques precisa ser aprovado antes pelo comitê de elegibilidade da Caixa. Documentos serão repassados nesta quinta-feira, 30, ao comitê, que faz parte da estrutura de governança do banco estatal.
Marques já foi exonerada do seu cargo no Ministério da Economia, onde comandava a Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade.
O Ministério Público Federal vai apurar se mais dirigentes da Caixa praticaram, acobertaram ou trabalharam para abafar as denúncias contra Pedro Guimarães na Corregedoria-Geral da Caixa, vinculada diretamente à Presidência da empresa. O órgão foi criado em 2015, para fiscalizar as atividades funcionais e a conduta dos seus empregados, gestores e dirigentes, inclusive de forma preventiva e pedagógica, com sugestões de melhoria das atividades e processos de trabalho.
No Ministério da Economia desde o início do governo Jair Bolsonaro, a futura presidente da Caixa se dedicou nos últimos meses ao programa “Brasil Pra Elas” que investe em mais crédito dos bancos federais para as mulheres e na educação empreendedora por meio de consultorias (capacitação e qualificação) da rede nacional do Sebrae. Para isso, ela montou uma equipe de mulheres.
Acusado por diversas funcionárias da Caixa de diversos tipos de assédio sexual, o executivo Pedro Guimarães deixou a presidência do banco na tarde de quarta, 29, após uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro. O Palácio do Planalto já tinha conhecimento de todas as acusações que recaiam sobre Guimarães na noite anterior, quando o escândalo veio à tona em uma reportagem publicada pelo site “Metrópoles”, com informações detalhadas por cinco funcionários do banco. Bolsonaro, porém, mesmo orientado por sua campanha eleitoral a se manifestar contra o episódio, preferiu segurar o seu desfecho até o dia seguinte, quando o cenário já se mostrava completamente insustentável para Guimarães.
Alvo de processo investigativo aberto pelas vítimas no Ministério Público Federal, Guimarães afirma, no documento, que foi alvo de “uma situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade”. O agora ex-presidente da Caixa diz que “as acusações não são verdadeiras e não refletem a minha postura profissional e nem pessoal”. Sustenta ainda que tem “a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta” e que decidiu se afastar neste momento para se “defender das perversidades lançadas contra mim, com o coração tranquilo daqueles que não temem o que não fizeram”.