Róger Guedes desperdiça pênalti, e Corinthians empata sem gols com o Boca Juniors
Cheio de desfalques por contusão e com erros em suas principais chances de gol criadas, como um pênalti desperdiçado por Róger Guedes no final do primeiro tempo, o Corinthians não passou de um empate sem gols com o Boca Juniors na noite desta terça-feira, na Neo Química Arena, em São Paulo, no jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores. Com o resultado, o time alvinegro vai ser obrigado a vencer na partida de volta, na semana que vem no estádio La Bombonera, em Buenos Aires. Novo empate leva a decisão para a disputa dos pênaltis.
Assim como no confronto entre as duas equipes na primeira fase, quando o Corinthians venceu o Boca Juniors por 2 a 0, novos casos de racismo foram registrados na partida. Dois torcedores do Boca Juniors foram flagrados imitando macacos para os corintianos. Filmados pelos brasileiros, eles se esconderam entre os outros argentinos presentes no jogo, mas acabaram sendo identificados, detidos pela polícia e encaminhados ao juizado especial da Neo Química Arena.
O encontro entre brasileiros e argentinos, que prometia uma dose extra de nervosismo, começou antes mesmo do pontapé inicial da partida. Antes de chegar à Neo Química Arena, o ônibus que transportava a delegação do Boca Juniors para o estádio foi apedrejado na Marginal do Tietê. Uma das janelas teve o vidro quebrado e o colombiano Jorge Bermúdez, ex-zagueiro do time argentino e integrante da diretoria de futebol da equipe, foi levemente ferido na região das pernas.
O Boca Juniors é um time que gosta de criar rivalidades. Foi assim com o Palmeiras no início dos anos 2000 e é assim que a equipe enfrenta o Corinthians nas oitavas de final da Libertadores em 2022, após dois jogos conturbados na fase de grupos e dez anos depois de perder a decisão do torneio justamente para o Alvinegro, na única conquista dos brasileiros, que veio em uma noite histórica do ex-atacante Emerson Sheik, que marcou os dois gols da vitória corintiana por 2 a 0 no Pacaembu.
Esse fator é fundamental para entender como os argentinos do Boca Juniors jogam a Libertadores. Em campo, no primeiro tempo, o time manteve a calma e povoou sua defesa com seus jogadores. Com os do Corinthians constantemente buscando o ataque, não foram poucas as vezes em que mais de 20 jogadores se concentraram apenas na metade do campo, dificultando a missão de encontrar uma chance de gol por parte do time brasileiro.
Nas poucas chances, Benedetto cabeceou sem perigo para defesa de Cássio e Giuliano foi parado pela defesa argentina. Até que aos 39 minutos, o experiente Marcos Rojo, jogador vice-campeão do mundo com a Argentina na Copa de 2014 e que ficou por mais de dez anos na Europa (a maioria no Manchester United) cometeu pênalti infantil em Gustavo Mantuan, prontamente assinalado pelo árbitro chileno Roberto Tobar.
Ai surgiu o Boca Juniors que nenhum brasileiro gosta de ver. Os jogadores argentinos fizeram uma catimba gigantesca, que não foi repreendida pela arbitragem. Após quatro minutos de muita cera, tentativas de estragar o gramado na marca do pênalti, entre outras coisas, Róger Guedes foi para a bola e bateu forte no canto direito, mas parou nas mãos firmes do goleiro Rossi, que conseguiu espalmar.
Aos 47, quase um castigo para o Corinthians. Em uma das raras escapadas pelas laterais, Benedetto pegou de primeira após falha gritante de Raul Gustavo em bola alçada para a área, mas Cássio se esticou todo e fez brilhante defesa.
O Corinthians voltou para o segundo tempo e quase abriu o placar no primeiro lance. Willian costurou a defesa argentina e cruzou para trás para Giuliano, que bateu firme mas a bola explodiu na defesa. Mantuan, no rebote, chutou novamente, mas a bola mais uma vez desviou na zaga e saiu pela linha de fundo.
Após boa defesa de Cássio em cobrança de falta de Óscar Romero, o Alvinegro passou a tentar ir pelos lados do campo. Era nas triangulações que o Corinthians levava mais perigo ao gol de Rossi, mas foram poucas vezes que o time conseguiu concluir esse tipo de jogada.
Em um desses lances, aos 20 minutos, Roni acionou Mantuan, que foi à linha de fundo e cruzou para trás. Adson pegou de primeira, mas errou completamente a finalização, para desespero dos torcedores.
O jogo batia nos 30 minutos do segundo tempo e o técnico Vítor Pereira só havia mexido uma vez na equipe, por contusão (Fagner saiu para a entrada de Bruno Méndez) – isso deixava claro que o treinador português tinha poucas opções para mudar de fato o panorama do jogo, com um banco de reservas formado basicamente por jovens atletas.
O Corinthians até mexeu. Entraram em campo Júnior Moraes, João Pedro e Fábio Santos, este no lugar de Willian, mais um que deixou o campo machucado, com dores no ombro direito. Mas nada que mudasse o panorama da partida, que ficou mesmo no 0 a 0.
FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS – Cássio; Fagner (Bruno Méndez), João Victor, Raul Gustavo e Lucas Piton; Roni, Giuliano e Adson (João Pedro); Gustavo Mantuan, Róger Guedes (Júnior Moraes) e Willian (Fábio Santos). Técnico: Vítor Pereira.
BOCA JUNIORS – Rossi; Advíncula, Izquierdoz, Marcos Rojo e Sández; Varela, Pol Fernández, Zeballos (Juan Ramírez), Óscar Romero (Campuzano) e Villa; Benedetto. Técnico: Sebástian Battaglia.
ÁRBITRO – Roberto Tobar (CHI).
CARTÕES AMARELOS – Villa, Roni, Marcos Rojo, Lucas Piton, João Victor e Varela
PÚBLICO – 44.753 pagantes.
RENDA – R$ 4.276.661,57.
LOCAL – Neo Química Arena, em São Paulo.