• CTO estuda impacto da cinoterapia nos pacientes com câncer

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  • 29/01/2018 17:30

    O Centro de Terapia Oncológica (CTO) vai realizar um estudo para ver o impacto do projeto de cinoterapia mantido pela Guarda Civil durante o tratamento das pessoas com câncer. A intenção é avaliar de que forma o uso dos cães ajuda na luta contra a doença e quais são os benefícios do trabalho. Para isso, o número de sessões da terapia dos pacientes com os cães da corporação vai aumentar a partir de fevereiro. Isso ficou acertado em uma reunião entre o comando da Guarda Civil, os responsáveis pelo canil municipal e a direção do CTO. 

    O projeto de cinoterapia foi efetivado em maio do ano passado – antes, acontecia de forma esporádica. Desde então, a golden retriever Lola tem sido levada ao CTO, além de centros de educação infantil e lar de acolhimento de idosos. Por onde vai, tem feito a festa de pacientes com câncer, crianças e pessoas com mais de 60 anos. 

    “A mudança no semblante de cada paciente que tem contato com ela é nítida. Antes de começar a cinoterapia, o ambiente é mais pesado, eles se mostram preocupados com a doença que estão tratando. Basta a Lola aparecer que o clima muda, o ambiente fica mais leve e descontraído. Agora, nós vamos poder saber cientificamente de que forma esse trabalho afeta o tratamento delas”, destaca o comandante da Guarda, Jeferson Calomeni. 

    “É importante a elaboração de um projeto de pesquisa sobre cinoterapia, devido à caracterização de aspecto científico e humanitário do projeto. A cinoterapia é um projeto influencia bastante na vida do paciente Oncológico, visto que, o cão proporciona além de carinho, um conforto ao paciente”, diz a oncologista e diretora do CTO, Carla Ismael. 

    Cinoterapia vai ocorrer mais vezes em 2018 

    Até aqui, a Lola ia uma vez por semana ao CTO, em dias diferentes. Isso porque cada paciente faz sessões de quimioterapia sempre no mesmo dia a cada duas semanas. Indo em dias diferentes, o projeto alcança um maior número de pessoas. Mas, para este trabalho científico de agora, o número de sessões da cinoterapia vai crescer e vai acontecer duas vezes por semana. 

    Isso será possível porque, no final do ano passado, o projeto ganhou um novo integrante, o cachorro Ganny. Ele é um filhote de american pitbull terrier com quatro meses de vida e está em treinamento, mas já tem sido levado a esses locais para se ambientar com a tarefa. O cão foi doado pela agente Fernanda Lisboa para o canil da Guarda Civil e foi escolhido justamente para desmistificar a imagem de que a raça é agressiva. 

    “A vinda do Ganny para a cinoterapia ajuda a mudar a imagem de que essa é uma raça violenta. Grande parte da personalidade do cachorro vem do treinamento que é feito com ele. E o Ganny está se demonstrando com um perfil bastante interessante para ajudar a Lola neste trabalho”, explicou o coordenador técnico do canil, Leandro Lopes.

    A cinoterapia ocorre sempre em áreas de convivência. No CTO, os cães são levados na sala de espera de atendimento, nunca em áreas de tratamento, exames ou consultas. Em escolas ou locais de acolhimento, a ação acontece no pátio. No contato com o público, as pessoas aproveitam para brincar, acariciar e tirar fotos com o cachorro. 

    "A gente ama bicho e a presença da Lola aqui faz o tempo passar mais rápido e alegra a gente”, afirma o paciente Osmar Vieira da Silva.

    O uso de cães para dar mais autoestima aos pacientes vem desde a década 1950. O benefício é reconhecido por todos, mas muitas vezes visto como uma prática que afeta apenas o lado emocional do paciente. O Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará e o curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí estudaram os efeitos da cinoterapia em crianças em tratamento de câncer em 2016 e concluiu que este tipo de terapia “pode tornar-se uma tecnologia efetiva para promoção da saúde de crianças e adolescentes com câncer” porque a presença do animal favorece a relação entre os pacientes e a equipe do local de tratamento e aumenta a satisfação dos profissionais, o que influencia um cuidado diferenciado – o que é percebido tanto pelos profissionais, quantos pelos pais. 

    "Existe na psicologia estudos que mostram eficiência com a participação dos animais na vida dos pacientes. A visita dos animais faz um diferencial quanto a melhora para com o enfrentamento e também quanto à resposta da doença. Esse é um trabalho diferenciado aqui no CTO, que é uma clínica de doença crônica”, explica a psicóloga do CTO, Cristina Volker.

    Canil da Guarda Civil

    Esse trabalho é apenas uma das funções desenvolvidas pelo canil da Guarda. O espaço abriga seis cães que fazem detecção de drogas e armas e dois para manter a ordem em público. Outros quatro filhotes estão sendo preparados para serviços, sendo dois deles adestrados para fazer resgates. O canil é mantido com a colaboração de parceiros, que fazem o adestramento dos animais e treinamento dos guardas, atendimento veterinário e doação de alimentos e medicamentos. São 11 agentes os responsáveis pela manutenção do canil. 

    “A importância do canil para a cidade é muito grande, não apenas pelo lado social da cinoterapia, mas também contribuindo para a segurança do município, dando tranquilidade em eventos e ajudando para detecção de drogas. E em breve, os cães também vão passar a fazer resgates em escombros”, ressalta Calomeni.  

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