Leis e o óbvio ululante
Amigos me cobram, às vezes, por ser intransigente e que me aborreço sem necessidade com eventuais agressões infelizes e que não vou conseguir mudar o mundo e nem a mentalidade das pessoas, se elas são o que são. É, talvez! E talvez, pela minha idade e princípios, não me conforme com a ignorância alheia, inda mais dos que se julgam sapientes e respeitadores de leis se, por trás das cortinas, as transgridem no dia a dia. Assim, paralelos são importantes para corroborar avaliações e reações, mesmo que existam leis a serem respeitadas se o bom senso falar mais alto por questões óbvias. Mas sou de vidro – “se me baterem eu quebro; se me pisarem eu corto”.
Ainda incomodado com a falta de discernimento, sentido prático e humanitário demonstrados pelos “sapientes” gerentes da agência bancária que não cederam às minhas provas lógicas, apresento uma comparação de como superar leis sem transgredi-las. Mas um detalhe: procurações são inócuas pela facilidade de serem burladas após a morte do beneficiário – meu processo em curso tem mais garantia.
O FATO: desprezaram a comprovação de vida de minha esposa inválida, por intermédio do processode Tutela e Curatela, por não estar concluído. Argumentei que o processo– homologado ou não – é uma perfeita prova de vida, caso contrário, estaria com atestado de óbito requerendo direitos. Por falta de argumento, só olharam a lei, como supremos guardiões inarredáveis, usando antolhos, pondo em dúvida uma ação judicial.
O ÓBVIO : no processo de Tutela e Curatela, os documentos exigidos incluía um atestado de sanidade mental sobre o que redigi um ofício ao juiz responsável, justificando que estava recorrendo à Defensoria Pública por carência comprovada de recursos (vilipendiados por FHC) e não teria como pagar a um neurologista, já que meu cardiologista não poderia dá-lo por questões éticas. Assim, optei por uma solução mais rápida e eficaz: e em meu ofício, solicitei ao Juiz permissão para comprová-la com várias crônicas recém-publicadas na TRIBUNA, além do próprio texto redigido. Nestas circunstâncias, a exigência foi aceita sem transgredir a lei, pelo óbvio e pelo bom senso do juiz.
Como não me amedrontam o poder nem a projeção, me escoro também numa lei, apesar de tão desrespeitada e violentada, quando determina que “somos todos iguais perante as leis”. Assim, agradeço aos céus por saber redigir um texto, raciocinar com equilíbrio e discernimento, agindo com lógica e lisura, sem soberba e sem transgredir leis, além de não ter medo de externar e assinar o que escrevo, diferente daqueles gerentes. E como na crônica anterior usei a figura de Lula como referência por ser um transgressor contumaz de leis sem ser censurado, só me resta completar : “ De Lula ao óbvio, a ignorância pulula”.
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