• No Brasil, María Dueñas fala sobre reencontro com Sira, a protagonista de ‘O Tempo Entre Costuras’

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  • 10/06/2022 15:35
    Por Maria Fernanda Rodrigues / Estadão

    María Dueñas, a professora espanhola de linguística que viu sua vida ser transformada há pouco mais de uma década quando lançou seu primeiro romance, O Tempo Entre Costuras, está de volta ao Brasil esta semana para falar sobre Sira. O novo livro, lançado pela Planeta em setembro de 2021, é a continuação da história que a revelou – e a ajudou a se manter ocupada durante a pandemia de covid-19.

    Depois do “sucesso imprevisto”, como ela diz, de O Tempo Entre Costuras, que vendeu 5 milhões de exemplares no mundo e 200 mil no Brasil, Dueñas escreveu vários outros livros e não pensava muito mais naquele seu romance de estreia – e tampouco ouvia pedidos para que continuasse a saga desta jovem costureira que deixa Madri e vai atrás do homem que ama no Marrocos poucos meses antes do início da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e que, com o passar do tempo, e a chegada da Segunda Guerra Mundial, se vê envolvida em um mundo de espionagem.

    Mas então ela voltou mais uma vez ao Marrocos. “Costumo viajar com muita frequência para Tânger e Tetuão. São cidades que me fascinam sobretudo pelo seu passado lendário, naqueles anos de convivência entre a população árabe, a grande comunidade judaica e os muitos cidadãos e instituições internacionais. Sempre que estou lá sinto uma enorme vontade de voltar a esses cenários com um novo romance. Até que decidi fazê-lo. E assim que tomei essa decisão, ficou claro para mim que deveria ser por meio de Sira”, conta a escritora em entrevista ao Estadão por e-mail, antes de embarcar nesta primeira turnê desde que a pandemia começou.

    Em Sira, o cenário se alterna entre Jerusalém, Londres, Madri e Tânger no final da Segunda Guerra Mundial. A protagonista, depois de concluir seu trabalho no Serviço Secreto Britânico, acredita que vai ter um pouco de paz. Mas algo trágico acontece, ela terá que assumir desafios arriscados ao mesmo tempo em que se confrontará com a experiência da maternidade.

    “Sira é uma uma personagem por quem sinto um carinho imenso e também uma enorme gratidão por tudo que me deu. Além disso, essa nova Sira, mais madura, mais cética e mais experiente, tem outro olhar e outra atitude em relação ao mundo, e a acho muito mais atraente.”

    O pano de fundo mostra questões políticas e históricas e o cruzamento entre culturas. A obra nos leva de volta a tempos turbulentos, que, acreditava-se, tinham virado história. O que interessava à autora neste regresso ao passado? E tendo passeado por lá, como é voltar e viver os dias de hoje?

    Ela responde que queria explorar o mundo que restou após o fim da Segunda Guerra Mundial – seus múltiplos problemas e conflitos abertos. “Por meio das experiências de Sira, entramos na Palestina nos difíceis anos anteriores ao nascimento do Estado de Israel, visitamos Londres no duro e austero pós-guerra, percorremos a Espanha de Franco durante a visita de Eva Perón em 1947 e nos mudamos para Marrocos colonial em tempos recentes de presença internacional, uma década antes da independência. Eu sou fascinada por esses ambientes porque nenhum deles é o que era, então, todos eles mudaram radicalmente”, diz.

    “Talvez por isso”, ela continua, “eu tenha me interessado em revisitar o essencial daqueles momentos a partir dos quais partiu a atual evolução. Acredito que a história nos dá grandes lições, nos convida a refletir e nos faz tirar consequências eloquentes.”

    Para ela, a literatura pode nos ajudar nesta travessia para tempos melhores. “Ela pode pode nos ajudar a fugir da realidade, mas também a conhecê-la e analisá-la mais profundamente, seja no presente, seja nos deslocando para momentos significativos do passado, como eu faço.”

    María Dueñas no Brasil 2022

    Nesta nova passagem pelo Brasil – ela veio em 2010, 2013 e 2018 – María Dueñas participa de dois encontros com o público. Neste domingo, 12, às 15h, ela fala na Feira do Livro, na Praça Charles Müller (Pacaembu). Na terça, às 19h, estará no deck da Livraria Cultura do Conjunto Nacional também para uma conversa sobre Sira.

    Sira

    Autora: Maria Dueñas

    Editora: Planeta (480 págs.; R$ 74,90; R$ 57,90)

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