• Daniel Silveira: o petropolitano que repercutiu no país e ganhou o perdão do Bolsonaro

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  • 30/05/2022 11:02
    Por Tribuna de Petrópolis

    Ele se descreve como um menino bem comportado na infância, tinha lá suas travessuras, mas diz que sempre foi um bom garoto. Uma descrição oposta às polêmicas em que se envolve, primeiro na internet, enquanto ainda era policial militar da ativa, depois na imprensa, com declarações polêmicas já como deputado federal, e, mais recentemente, nos embates com o Supremo Tribunal Federal. Daniel Lúcio Silveira, o deputado bolsonarista, é cria de Petrópolis, mantém firme suas raízes, e diz que não troca a cidade por nada. A Tribuna entrevistou o deputado na última sexta-feira (27) e conta algumas curiosidades do seu lado petropolitano. 

    Morador da região de Araras, Daniel nasceu no Hospital Santa Teresa em 25 de novembro de 1982. O estereótipo grandalhão já vem desde o nascimento, veio ao mundo com 5,3 kg, e foi quase um acontecimento no hospital. “Os relatos que me contam é que os enfermeiros ficaram surpresos com o meu tamanho, dizem que fui o maior bebê do ano”, diz brincando.  

    (Foto: Arquivo Pessoal)

    Daniel mora na mesma região a vida toda. Estudou os primeiros anos do ensino fundamental na escolinha perto de casa, a Escola Nossa Senhora de Fátima. Sua avó trabalhava como merendeira, e é um lugar pelo qual ele tem um grande apreço, especialmente pela professora Simone, que até hoje é chamada carinhosamente de “Tia”. Passou também pelo Liceu Municipal Cordolino Ambrósio e pela Escola Municipal Rotary. Até chegar à Universidade Estácio de Sá, em 2014, onde cursou Direito.

    No currículo acadêmico, Daniel apresenta com orgulho uma lista de especializações: Investigação de Homicídios, Polícia de Proximidade, Gerenciamento de Crises e Psicologia Policial. Alguns cursos de especialização que concluiu enquanto estava incorporado à Polícia Militar do Rio, onde ficou de 2013 a 2017. Agora, ele inicia mais um passo na carreira acadêmica: a graduação em Psicologia, também em Petrópolis, na Estácio de Sá. 

    Daniel abraçado ao Frei Pedro em sua primeira comunhão. (Foto: Arquivo pessoal)

    Daniel se diz caseiro, prefere leituras e estudos no tempo livre. “Apesar de ter o estereótipo de truculento, grande, musculoso, pensam que sou truculento, mas não sou. Sou estudioso e gosto de estudar”, conta. Gosta de livros de geopolítica e filosofia e não esconde que é um grande fã dos livros de Olavo de Carvalho. Conta que já leu cerca de 800 livros. Atualmente, está lendo “As várias faces da ordem mundial”, publicado pela Vide Editorial. 

    A saúde mental e física são prioridades. Daniel é faixa preta no Muay Thai, luta há 18 anos. Já deu aulas e levou alunos a campeonatos. Pratica musculação e incentiva o esporte. “Não adianta ter a mente sã e o corpo decrépito”. Já lutou karatê, capoeira, jiu-jitsu e taekwondo. 

    Família

    Em casa, Daniel é família. Pai de duas meninas, uma de 21 anos e outra de 6 anos, de dois casamentos anteriores, “são meus tesourinhos, por elas mato e morro”, diz. E ainda de três cachorros, um rottweiler, um pit monster e uma shih-tzu. Recentemente a família perdeu o cãozinho mais velho: Magnus. Foi um dia de choro e uma semana de luto. As cinzas do “grande amigo”, como descrito por Daniel, estão guardadas em casa. 

    Daniel e o irmão Felipe. (Foto: Arquivo pessoal)

    É casado há 6 anos com a advogada Paola Daniel. E já adianta que pretende ter mais filhos. Seu pai é falecido, e a mãe mantém pertinho, em Petrópolis. Tem uma irmã mais velha, Bianca, e o irmão Felipe, que faleceu jovem, aos 28 anos, lembrado com ternura. 

    Daniel aos 14 anos e o irmão Felipe. (Foto: Arquivo pessoal)

    “As pessoas tentam veicular coisas sobre mim, que sou homofobico, meu irmão era gay e eu fui o primeiro a saber quando ele relatou pra mim. Fui eu que fui dizer à minha mãe, que estava tudo bem, que estava tranquilo. Minha mãe no início ficou um pouco chateada, mas expliquei pra ela que não era isso, que não tinha nada de mais. E depois ela abraçou a ideia. Tanto que os namorados que meu irmão teve, são bons amigos até hoje, os amigos do meu irmão que, na maioria são homossexuais, são meus amigos”, conta Daniel. 

    A irmã Bianca, Daniel abaixado ao centro da foto, e Felipe de pé. (Foto: Arquivo pessoal)

    Queria combater o crime

    Antes de se tornar o deputado Daniel Silveira, foi servente de obras – trabalho que o ajudou a sustentar a primeira filha, que teve aos 17 anos -, atendente de loja, almoxarife de companhia elétrica, cobrador de ônibus e militar. Para Daniel, sua escalada profissional é fruto de dedicação e realização de grandes sonhos. “Essa é a verdadeira meritocracia”, diz. 

    A irmã mais velha, Bianca, a tia Gorete e Daniel aos 3 anos. (Foto: Arquivo pessoal)

    À Tribuna, Daniel diz que escolheu a Polícia Militar porque tinha a vontade de “prender os caras maus”. Prestou concurso para Bombeiro Militar, Polícia Civil, até que veio a oportunidade de entrar para a Polícia Militar. “Coloquei na minha cabeça que queria ser policial, eu tinha aquela coisa de querer “prender os caras maus”, me dediquei ao concurso, em 2009 fui aprovado, e dentro da polícia quis entrar na política por causa de ideais que tenho”, conta. 

    (Foto: Reprodução)

    Um ano após entrar para a Polícia Militar, Daniel ingressou no curso de Direito, e lá expandiu seus ideais e acreditou que na política poderia fazer mais. Na famosa frase do ex-deputado Sivuca: “Bandido bom é bandido morto”, Daniel conta que queria fazer mudanças concretas. “(Na frase “Bandido bom é bandido morto”`) a gente fala daquele bandido que está confrontando policial, não se trata de pessoas que são presas e são mortas. Nunca defendi a pena de morte, acho que isso é completamente desnecessário. Porque o inquérito policial no Brasil ainda é muito deficitário, então você acabaria tirando a vida de uma pessoa inocente, como tem tantos inocentes presos. E a gente estuda bem essa parte processual e da lei de execução penal (no curso de Direito)”, diz.

    Ele atribui a mudança de percepção também às discussões na faculdade, quando um professor lhe disse que a mudança é feita na União, já que só a União legisla sobre o Código Penal. “Pois bem, então vou me tornar deputado federal, isso em 2014”, conta.

    Muitos percorrem uma longa trajetória até chegar a um alto cargo eleitoral, Daniel saltou já na primeira candidatura para a Câmara dos Deputados. “Cada um tem que saber o seu tamanho, o que você pode disputar. Eu sabia que poderia ser eleito e tinha competência pra isso. No entanto que, quando fui eleito, peguei as melhores comissões”, lembra. 

    Participação política em Petrópolis

    No dia 15 de fevereiro e nas semanas subsequentes à tragédia, Daniel conta que circulou pela cidade e pediu o apoio do presidente Bolsonaro. “O presidente estava na Rússia quando aconteceu, eu liguei pra ele eram 3h da madrugada e ele me atendeu. Eu falei: – Presidente, aconteceu um desastre assim na minha cidade, ai ele: – Pô de novo? Ai eu: de novo! Ele disse: – Daniel, assim que eu chegar da Rússia eu vou a Petrópolis. No entanto, quando ele chegou e veio direto, eu o recebi no 32º Batalhão (BIL)”, conta.

    Daniel vê com preocupação as ocorrências de desastres na cidade. “Essa foi a maior (tragédia), também o que falta é um prefeito ousado. Petrópolis tem arrecadação de R$ 1,4 bilhão é uma arrecadação considerável, mas há malversação das verbas. Não tem sentido, há todos os anos uma tragédia… ‘guerra avisada só perde quem quer’. Sabe que a posição geográfica de Petrópolis dificulta, sabe que tem deslizamento de terra, sabe que tem enchente, então porque não atuar de forma a prevenir uma estruturação?”, crítica.

    O deputado é relator da Comissão Externa Calamidade Pública – Petrópolis, da Câmara dos Deputados, após meses de apuração, os trabalhos já caminham para o relatório final. 

    Fazendo história na política

    Daniel diz que juridicamente é elegível para concorrer ao Senado neste ano. Recentemente se filiou ao PTB, partido do ex-deputado Roberto Jefferson, também petropolitano. “O PTB sempre veio me defendendo, um partido muito bom dentro daquilo que eu prego. E o Roberto Jefferson é um bom amigo”, diz.

    A troca de partido não afetou sua proximidade com o presidente Jair Bolsonaro. O deputado, nascido na Cidade Imperial, fez história ao conseguir o perdão do chefe de Estado. No dia 21 de abril, um dia após sofrer condenação por ameaças às instituições, ao estado democrático de direito e aos ministros do Supremo, o presidente Bolsonaro editou decreto e concedeu a Daniel a “graça institucional”, ou seja, o perdão, o que pode extinguir a pena de 8 anos e 9 meses determinada pelo Supremo Tribunal Federal. 

    (Foto: Anderson Riedel/PR)

    Daniel recorreu da decisão do STF. “Recorre por mera formalidade para documentar que foram feitas tentativas jurídicas, mas quando vem o perdão da graça, e é o primeiro depois do Brasil Império, o primeiro desde Brasil Império, na Cidade Imperial, e receber uma graça individual… quando vem isso é uma pedra sobre o processo”, diz.  

    Segundo o deputado, “(a graça) está de acordo tanto com a lei de execuções penais, quanto o artigo 107 do código penal, graça, indulto e anistia. O judiciário tomou consciência, o conhecimento sobre a graça, indulto e anistia? Ele não tem mais o que fazer a não ser declarar a extinção da pena, da punibilidade, ele só pode fazer isso. Atendendo os requisitos constitucionais. Atende os requisitos? Atendem. Então não tem o que fazer, não se discute o mérito. Isso é uma ação privativa do presidente da República, isso é entendimento inclusive da corte”, ressalta.

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