• Cúpula do PSDB intensifica pressão sobre Doria e trava definição na 3ª via

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  • 18/05/2022 07:48
    Por Lauriberto Pompeu e Pedro Venceslau / Estadão

    Convocada em resposta à guerra interna no PSDB e com a intenção de indicar a posição do partido em uma negociação de aliança com o MDB e o Cidadania, a reunião ampliada da executiva nacional reforçou o movimento contra a postulação de João Doria, pré-candidato à Presidência pela sigla. Durante o encontro, realizado ontem em Brasília, a maioria dos presentes defendeu a tese de candidatura própria, mas com outro nome que não o de Doria.

    O ex-governador paulista foi convidado pela direção tucana para uma nova reunião no fim da manhã de hoje, na capital federal. Na prática, o encontro foi a forma adotada pelo comando do partido para pressionar Doria a desistir da disputa ao Palácio do Planalto. A legenda também decidiu dar continuidade às negociações com o MDB e o Cidadania para uma chapa presidencial única, mas sem definir uma posição na data de hoje – como estava previsto inicialmente.

    O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, expôs a resistência a Doria ao dizer que ele “foi convidado a ter um diálogo com o partido para uma reflexão coletiva”. “Temos o João Doria como candidato à Presidência. Compreendendo que as prévias se deram em um momento político e nós temos hoje o desenho de um outro momento político.”

    A nova reunião tucana foi marcada para horas antes do encontro com o MDB e o Cidadania, quando as pesquisas quantitativa e qualitativa para ajudar a definir um candidato conjunto serão divulgadas. Mesmo com o resultado das pesquisas, uma definição sobre a aliança só será fechada posteriormente, segundo Araújo.

    GESTO

    A sugestão de ouvir Doria foi feita pelo deputado Aécio Neves (MG), que cobrou do pré-candidato “um gesto de grandeza”. “Sugeri que possa ser feito o mais rapidamente possível uma reunião para que o candidato João Doria ouça dos seu companheiros o que ouvimos aqui, que sua candidatura traz prejuízos ao partido em vários Estados”, afirmou. “Tenho a expectativa de que, em um gesto de desprendimento, de grandeza, o governador possa construir essa saída, que é o sentimento amplamente majoritário do PSDB.”

    Por meio de aliados, Doria indicou que não vai comparecer. “Foi uma reunião formatada para constranger o João Doria e que não reflete o que a militância quer”, disse o tesoureiro do PSDB, César Gontijo, que foi o defensor do ex-governador paulista no encontro de ontem.

    Mais contido do que Aécio, Araújo afirmou que o “gesto de grandeza” de Doria seria dialogar com o partido. “O gesto de grandeza é dialogar, estar aqui conosco amanhã (hoje), e, de forma franca e coletiva, nós conversarmos e aguardarmos os resultados.”

    Ontem o Estadão mostrou que a defesa de Doria ameaçou ir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) caso qualquer decisão fosse tomada em contrariedade aos interesses do ex-governador. O advogado Arthur Rollo, especialista em Direito Eleitoral, disse que o PSDB tem de cumprir o estatuto e homologar o resultado das prévias de novembro passado. “O normal na política é quando se judicializa contra o adversário. Judicialização interna é a antipolítica”, disse Araújo.

    Na reunião de ontem, Aécio e aliados de Doria – ali representados pelo ex-ministro Antonio Imbassahy e pelo presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi – trabalharam para evitar que o PSDB anunciasse hoje um apoio à senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata do MDB ao Planalto. Agora, o desfecho da possível aliança deve ocorrer em uma data próxima das convenções partidárias, que definirão os candidatos e acontecem do fim de julho até o início de agosto.

    Os partidos que tentam construir uma candidatura consolidada na chamada terceira via estão em negociação desde o início deste ano. A frente no centro político continha, além de PSDB, MDB e Cidadania, o União Brasil. Líderes dessas siglas haviam se comprometido em abril a lançar candidatura única para servir de alternativa à polarização entre o petista Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

    O movimento – marcado agora pelos embates internos do PSDB – já sofreu uma significativa baixa no dia 30 de abril. O União Brasil, fusão de DEM e PSL, decidiu lançar o deputado federal e presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), como pré-candidato ao Planalto. Nesse meio-tempo, o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, derrotado nas prévias tucanas, buscou se reabilitar como potencial candidato. Ele manteve encontros com Simone Tebet, mas depois recuou da empreitada.

    GOVERNADORES

    Os governadores do partido foram chamados para participar do encontro de hoje. Aécio citou o nome do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, candidato à reeleição. “Uma comissão representativa dessa executiva, defendo com a presença de governadores de Estado, de todos eles, acho importante inclusive a participação do governador de São Paulo”, declarou.

    Segundo Aécio, Garcia e Bruno Araújo estimularam a candidatura presidencial de Doria com o objetivo de tirá-lo do governo paulista. De acordo com o ex-governador de Minas, os dois agora querem derrubar a pré-candidatura presidencial porque a rejeição de Doria atrapalha o projeto de reeleição de Garcia.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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