• Malta na rua

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  • 28/12/2017 12:25

    Um encontro na avenida de velhos conhecidos:

    -Alô, como vai  passando?

    -Legal!

    -Onde estava que não te vejo há algum tempo?

    -Preso.

    -Preso? Por que?

    -Os meus negócios de sempre, você sabe…

    -É. Qual foi a sua pena? Terminou?

    -Não. Estou na rua pelo indulto de natal! 

    -É? Teve bom comportamento na cadeia?

    -Fiz por onde e não volto mais para lá.

    -Então terminou a pena?

    -Terminou para mim. Vou sumir e ninguém mais me pega…

    -E vai continuar com seus crimes?

    -Por que, não? Sou profissional da lambança! Vida decente é para os trouxas, como você

    -Tá bom. Respeito. Quem foi que te soltou?

    -Um magistrado do Supremo, meu compadre, padrinho do meu filho Zeca. O Zeca você conhece, não?

    -Sim. Onde anda o Zeca?

    -Preso mas indultado para visita aos parentes no Natal.

    -E quem soltou ele? Olha que os crimes do Zeca são de arrepiar a SS nazista.

    -Quem soltou foi um outro desembargador. O Zeca é o homem da filha dele.

    -Então vocês estão por cima, heim?

    -Quem tem padrinho não morre na prisão!

    -Novo conceito, perfeito para você. Bem, vou andando, foi bom encontrar um velho amigo de infância.

    -Foi bom, sim e não vai se despedindo assim, não! Passa para cá seu dinheiro e vamos em alguns bancos limpar suas contas. O celular eu levo também.

    -Pô, cara sou teu amigo… Assalta outro!

    -Eu vou para o Paraguai empacotar umas muambas e preciso de dinheiro. O primeiro pato que encontrei foi você… Amigos, amigos, negócios à parte.

    E os dois velhos amigos de infância fizeram a ronda dos bancos e a infeliz vítima foi largada numa rua de uma comunidade. Desapareceu, nunca mais foi vista.

    O detento, de costas largas, sempre em cana, volta sempre e sempre para as ruas, beneficiado com todas as saídas temporárias e umas nem temporárias assim. Pelo menos enquanto tiver um compadre supremo em exercício.


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