Dirigentes do BoE alertam para inflação elevada e riscos, mas reafirmam aperto
O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, e outros dirigentes da instituição reafirmaram o compromisso em controlar o quadro inflacionário no Reino Unido, reconhecendo também incertezas na perspectiva. Bailey e os dirigentes Dave Ramsden, Johathan Haskel e Michael Saunders participaram de audiência do Comitê do Tesouro do Parlamento, nesta segunda-feira, 16.
Bailey disse “não estar nada feliz” com a perspectiva para a inflação, mas notou que 80% do impacto para ela estar acima da meta é causado por itens como energia e bens comercializados. Ele lembrou que o cenário-base do BoE continua a ser de inflação de volta à meta adiante, “mas temos riscos de alta”.
O presidente do BoE destacou riscos à perspectiva, como a política de covid zero da China, que “provoca efeitos reais na atividade”, como mostraram dados publicados mais cedo no país, notou. Segundo ele, o Reino Unido tem sofrido “uma sequência de choques sem precedentes”, com fatos como o quadro na China, a pandemia e a guerra na Ucrânia.
Saunders comentou que as expectativas de inflação estão “desconfortavelmente elevadas”, no quadro atual, mas o BoE reafirmou seu compromisso com contê-la, retornando à meta de 2%. Saunders disse que o BC não tem meios de impedir um choque de energia como o atual, mas possui instrumentos para levar a inflação de volta à meta depois disso. Ainda segundo o dirigente, o mercado de trabalho do país está “muito apertado”.
Ramsden, por sua vez, afirmou que o BoE busca garantir que não ocorra “desancoragem” nas expectativas de inflação no Reino Unido. Ele também mencionou o trabalho do BC para analisar como pode se comportar o mercado de trabalho do Reino Unido, com os impactos da pandemia ainda reverberando.
Bailey foi questionado sobre riscos à perspectiva. O presidente do BoE previu um “choque na renda”, com a inflação elevada, o que deve ter efeitos na demanda doméstica. Além disso, notou que “claramente podemos ter mais problemas nas cadeias de produção da China”. O quadro na Ucrânia também foi mencionado por ele, já que pode trazer “ainda mais pressão de alta” sobre os preços de energia.