Os preços dos medicamentos vendidos aos hospitais no Brasil subiram pela quinta vez consecutiva. Da passagem de março para abril o reajuste foi de 3,57%, segundo o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador desenvolvido pela Fipe em parceria com a Bionexo – healthtech líder em soluções digitais para gestão em saúde.
Os preços dos remédios subiram três vezes mais que a inflação agregada medida pelo IPCA, que no mesmo mês subiu 1,06%. Até mesmo o IGP-M, indicador de inflação muito influenciado pela movimentação dos preços das commodities no exterior, subiu menos em abril, ao entregar uma taxa de inflação de 1,41%. No mesmo período da taxa de câmbio mostrou uma variação negativa de 4,23%.
Para Rafael Barbosa, CEO da Bionexo, a elevação mais expressiva em abril já era esperada por causa dos reajustes anuais nos preços dos medicamentos de até 10,89%, segundo regulamentação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
“Este reajuste proposto pela CMED segue a sequência de 2021, com dois anos subsequentes acima de 10%, algo sem precedentes na série histórica. No entanto, a variação observada pelo IPM-H indica que este percentual de 2022 não foi inteiramente incorporado nos preços praticados, o que é uma boa notícia para o consumidor de produtos e serviços em saúde. Seguramente o arrefecimento da pandemia possibilitou cenários mais previsíveis e coesos de demanda e oferta, logo maior estabilidade nos preços”, avalia o executivo.
A variação positiva do índice em abril foi impactada pelos grupos de aparelho geniturinário, 15,80%; sangue e órgãos hematopoiéticos, 9,57%; agentes antineoplásicos, 8,97%; sistema musculoesquelético, 4,86%; imunoterápicos, vacinas e antialérgicos, 3,19%; aparelho respiratório, 3,18%; órgãos sensitivos, 2,91%; anti-infecciosos gerais, 2,85%; preparados hormonais, 1,98% e aparelho cardiovascular, com alta de 0,45.
Em contraponto, foram registradas quedas nos preços de medicamentos em apenas dois grupos: sistema nervoso, 9,91%, e aparelho digestivo e metabolismo, 3,33%.
No acumulado de 2022, período que compreende os meses de janeiro a abril, o IPM-H registra uma alta de 5,42. Já nos últimos 12 meses, encerrados em abril de 2022, o IPM-H acumula uma queda de 1,72%, divergindo do comportamento dos índices de preço da economia doméstica no período, notadamente o IPCA, com acúmulo de 12,13%, e o IGP-M, 14,66%.
“É importante salientar que o comportamento de queda do IPM-H nos últimos 12 meses reflete uma importante acomodação dos preços de medicamentos que apresentaram forte elevação durante os períodos mais críticos da pandemia da covid-19, a exemplo de drogas atuantes sobre o sistema nervoso, sistema musculoesquelético, aparelho digestivo e metabolismo”, avalia Barbosa.
Por outro lado, outros grupos de medicamentos cuja demanda pode ter sido represada durante a pandemia – como aqueles atuantes sobre aparelho geniturinário, preparados hormonais e órgãos sensitivos – têm se destacado pela valorização recente.