• Índice de Preços de Alimentos da FAO cai 0,8% em abril ante março

  • 06/05/2022 08:57
    Por Gabriela Brumatti / Estadão

    São Paulo, 6 – O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alcançou média de 158,5 pontos em abril, queda de 1,2 ponto (0,8%) ante a máxima histórica alcançada em março, embora ainda 36,4 pontos (29,8%) acima do valor correspondente em igual período do ano passado. A baixa foi liderada por uma redução significativa no subíndice de óleo vegetal, juntamente com uma ligeira queda no subíndice de preços de cereais. Os subíndices de preços de açúcar, carnes e laticínios mantiveram altas moderadas.

    O subíndice de preços dos cereais registrou média de 169,5 pontos em abril, uma redução de 0,7 ponto (0,4%) em relação ao recorde alcançado em março. Segundo a organização, a baixa foi liderada por uma queda de 3,0% nos preços do milho. “Os suprimentos sazonais das safras em andamento na Argentina e no Brasil ajudaram a aliviar a pressão sobre os mercados”, destacou a FAO.

    Os preços internacionais do trigo subiram em abril, embora marginalmente, ganhando 0,2%. “O bloqueio contínuo de portos na Ucrânia e as preocupações com as condições da safra de 2022 nos Estados Unidos mantiveram os preços elevados, mas os aumentos foram moderados por embarques maiores da Índia, exportações acima do esperado da Rússia e demanda global ligeiramente atenuada”, pontua a FAO.

    O levantamento mensal da FAO também mostrou que o subíndice de preços dos Óleos Vegetais registrou média de 237,5 pontos em abril, queda de 14,3 pontos (5,7%) ante o recorde de março, mas expressivamente acima do nível do ano anterior. A queda foi impulsionada pelos preços mundiais mais baixos dos óleos de palma, girassol e soja, que mais do que compensaram as cotações mais altas do óleo de Colza.

    “Os preços internacionais do óleo de palma caíram moderadamente em abril, influenciados principalmente por compras de importações globais moderadas em meio a altos custos, bem como uma perspectiva de demanda enfraquecida na China”, comentou a FAO destacando, por outro lado, que as incertezas sobre as disponibilidades de exportação da Indonésia, o maior exportador mundial de óleo de palma, impediram quedas de preço mais expressivas. Ainda segundo a entidade, os preços mundiais do óleo de girassol e de soja também caíram em abril como resposta a um racionamento da demanda após os preços recordes vistos recentemente.

    Na sondagem mensal da FAO, o subíndice de preços das Carnes apresentou média de 121,9 pontos em abril, alta de 2,7 pontos (2,2%) em relação ao mês anterior, estabelecendo um novo recorde. Segundo a FAO, o preço da carne de aves foi impulsionado pela sólida demanda em meio à oferta global apertada, com interrupções nas exportações da Ucrânia e o aumento dos surtos de gripe aviária no hemisfério norte. “Enquanto isso, os preços da carne suína subiram devido à prolongada baixa oferta de suínos para abate na Europa Ocidental e alta demanda interna nos grandes países produtores”, salientou a organização.

    Segundo o levantamento, os preços mundiais da carne bovina aumentaram moderadamente refletindo os altos volumes de exportação do Brasil, apesar da baixa oferta de gado para abate, e atingiram novo recorde. Em relação à carne ovina, os bloqueios relacionados à pandemia e os atrasos nos portos na China facilitaram as compras de carne do país, empurrando os preços ligeiramente para baixo.

    O subíndice de preços de Laticínios registrou média de 147,1 pontos em abril, alta de 1,3 ponto (0,9%) em relação a março, marcando o oitavo aumento mensal consecutivo, e colocando o índice 28 pontos (23,5%) acima de seu valor um ano atrás. Em abril, a alta foi impulsionada pela persistente falta de oferta global, uma vez que a produção de leite na Europa Ocidental e Oceania continuou abaixo de seus níveis sazonais.

    “As cotações internacionais de manteiga subiram mais, refletindo oferta apertada, incluindo estoques baixos, especialmente na Europa Ocidental, em meio a um aumento na demanda por entregas de curto prazo, em parte induzida pela atual escassez de óleo de girassol e margarina”, informou a organização. Ainda segundo o levantamento, a demanda interna e os baixos estoques na Europa sustentaram os preços mundiais do leite em pó desnatado e do queijo. Por outro lado, os preços do leite integral caíram, principalmente devido à desaceleração da demanda na China.

    A FAO ainda registrou média de 121,8 pontos em abril para o subíndice de preços do Açúcar. Alta de 3,9 pontos (3,3%) em relação a março, marcando o segundo aumento mensal consecutivo e atingindo níveis mais de 20% acima dos registrados em igual período do ano passado. De acordo com a FAO, os preços mais altos do etanol no Brasil, aliados ao fortalecimento do real ante o dólar norte-americano, continuaram a sustentar os preços do açúcar. “Um apoio adicional foi fornecido pelas preocupações com o início lento da safra de 2022 no Brasil”, ressaltou a organização. Por outro lado, disponibilidades maiores do adoçante na Índia, um grande exportador de açúcar, reforçaram as perspectivas de oferta global forte e impediram aumentos de preços mais substanciais.

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