• ‘Rei dos catálogos’ fala sobre venda de obras no mundo

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  • 27/04/2022 08:33
    Por Julio Maria / Estadão

    O Rio2C, reunião que debate ideias e processos criativos até o dia 1º de maio, no Rio, trouxe para esta edição uma das figuras mais importantes na gestão de carreiras e gerenciamento de catálogos artísticos do mundo. Larry Mestel, fundador e CEO da Primary Wave, maior editora musical independente, é quem administra “marcas” como Whitney Houston, Bob Marley, Prince, Aerosmith e muitos outros grandes nomes. Ele fala às 18h30 desta quarta, 27, no espaço StoryVillage, sem transmissão online.

    Mestel falou ao Estadão sobre as vendas de catálogo por aqui, algo ainda repleto de nós que ele não deve estar acostumado a desatar. É assim: talvez seja esse o último negócio da música no qual quem tem valor mesmo são os nomes sólidos, gente como Milton Nascimento, Caetano Veloso e Rita Lee, que estejam dispostos a negociar os direitos de uso de suas obras. Mas, aqui, Mestel pode não ser rei por uma razão. Ao contrário das relações autorais mais estáveis no país de onde ele vem, os Estados Unidos, artistas brasileiros têm na pele marcas da exploração autoral de épocas em que se submeteram às regras de editoras e gravadoras nem sempre de forma transparente. Como convencê-los agora de que devem negociar o quinhão que lhes resta daquilo que produziram com seus talentos? Mestel responde, ao menos, até onde pode.

    A compra de catálogos já começou no Brasil. Gostaria de adquirir um catálogo brasileiro específico?

    Sim, existem muitos artistas e herdeiros com os quais gostaríamos de fazer parcerias no Brasil. Muitos artistas têm uma história rica e foram culturalmente importantes. Há um pouco de oportunidade para aumentarmos o valor juntos.

    As negociações entre compradores de catálogos e artistas brasileiros não são fáceis. Isso porque, aqui no Brasil, temos um longo histórico de exploração de artistas por gravadoras. Como convencer um artista brasileiro de que ele, agora, deve vender seu catálogo?

    Eu prefiro fazer parceria com uma parte do catálogo em vez de adquiri-lo diretamente. Estamos no mercado há 16 anos e nossos artistas são nossas melhores referências de como fazemos negócios.

    Paula Lavigne, mulher e produtora de Caetano Veloso, me disse, para uma outra reportagem: “Espero que todas as empresas que queiram comprar nossos catálogos se juntem a nós para lutar pelo pagamento dos direitos de streaming com mais justiça e nos ajudem a reivindicar outros direitos também”. O que pensa disso?

    Nós concordamos que artistas e compositores têm sido mal pagos pelos serviços de streaming. Recentemente fomos nomeados para o Conselho de Administração da NMPA (National Music Publisher’s Association) nos EUA, uma das principais organizações que lutam pelos direitos dos compositores nos EUA. Somos muito ativos no apoio a esses direitos.

    Muitos artistas brasileiros conseguiram o direito de gerenciar suas obras. Como convencê-los agora a mudar de ideia?

    Não se trata de convencer os artistas a vender suas obras, mas de convencê-los de que eles se beneficiariam muito ao fazer parceria com uma organização que protege direitos, produz filmes e programas de TV (filme biográfico de Whitney Houston), shows da Broadway (Smokey Robinson), shows de destino turístico (apresentação imersiva de Bob Marley em Las Vegas) e cria peças de marketing.

    E com relação aos novos artistas que ainda não têm um trabalho consolidado? Como saber quem terá um trabalho rentável e respeitado no futuro? Você compraria o catálogo da Anitta, por exemplo?

    Estamos focados principalmente em ícones e em lendas. Temos uma longa história de parcerias de sucesso com artistas lendários e planejamos manter essa visão. Novos artistas são muito arriscados, dado o tempo que gastamos para desenvolver essas oportunidades.

    Quais são as características que tornam um artista valioso nos dias de hoje? Número de seguidores entra na conta?

    O que os torna valiosos são a natureza icônica das músicas que fizeram, o potencial de comercialização, o quão subexploradas estão suas músicas, a notoriedade dos artistas e a estabilidade do fluxo de caixa.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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