• Domingo de Ramos

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  • 18/03/2016 10:35

    Muitas vezes, pensamos que a história da entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém (Mateus 21) deveria ter tido um final diferente. Mais glorioso, com demonstração de mais poder da parte de Jesus, com acontecimentos que nos impressionassem mais. Mas não é isto o que acontece. Depois de ser aclamado como rei pela multidão, ao cavalgar rumo à cidade, nada de extraordinário aconteceu quando Jesus chegou ao destino. Jesus expulsa cambistas e vendedores do templo e volta, juntamente com os doze discípulos, para o povoado de Betânia. 

    Não seria de se esperar mais no final desta história da “entrada triunfal de Jesus em Jerusalém”? Não seria de se esperar Jesus mostrando o seu poder, a sua força, os seus milagres e proferindo os seus discursos de um rei que vem para governar com poder? Onde está o triunfo desta entrada triunfal? Certamente os discípulos esperavam mais. Certamente a multidão que o aclamou como aquele que vinha instaurar o reino de Davi esperava mais.

    Com este final surpreendente também nós somos questionados. Às vezes esperamos mais de Deus. Nossa sede por justiça e por mudanças nos deixam inquietos e ansiosos. Achamos que as mudanças em nossa vida e neste mundo devem passar por grandes manifestações do poder de Deus. Queremos ver sinais espetaculares, manifestações de força e de poder, acontecimentos fantásticos, triunfos. Mas às vezes as coisas que vem de Deus não acontecem deste jeito. E aí ficamos desapontados.

    Nos dias de hoje muitas igrejas tentam inverter as coisas. Incutem no povo uma fé que espera grandes sinais, grandes manifestações de poder, muitos milagres e acontecimentos extraordinários. Acusam as pessoas de falta de fé, quando milagres extraordinários não acontecem em sua vida. Anunciam um Deus que entra triunfalmente em nosso mundo e que, num piscar de olhos, resolve todos os nossos problemas.

    Esqueceram-se da cruz. Jesus não entrou em Jerusalém para ser entronado, mas, sim, para tomar a cruz sobre os seus ombros. E a multidão que o acompanhou nesta entrada não entendeu isto. Por isso gritaram “Crucifica-o!”. E nós, muitas vezes, também não entendemos a cruz ou não assumimos a cruz. Queremos seguir a Jesus sem tomar sobre nós as nossas cruzes, conforme Jesus ensinou: “Quem quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16.24).

    A entrada de Jesus em Jerusalém foi humilde e sofrida. Sim, ele chegou vitorioso e triunfante, mas humilde e montado num jumento, ou seja, assumindo a cruz. Jesus não entrou em Jerusalém como o faziam os reis e poderosos daquele tempo, desfilando em cavalos de guerra e acompanhados de um poderoso exército. Em lugar de soldados armados, dois humildes discípulos vão providenciar a montaria; em vez de um cavalo de guerra, um jumentinho emprestado; em vez de selas e outros aparatos, as capas empoeiradas dos discípulos; em vez de tapetes vermelhos, simples ramos verdes cortados aqui e acolá nos campos da beira da estrada; em vez de gritos de guerra, o “hosana nas alturas” que é uma expressão de louvor a Deus, mas também um grito pedindo pela misericórdia divina (significa “salve agora” ou “louvado seja Deus”). E assim vai sendo preparado o caminho que terá o seu desfecho numa cruz, no monte das caveiras, símbolo maior de derrota diante dos poderosos deste mundo.

    Com que expectativas nós vamos ao encontro de Deus neste tempo da paixão? O que esperamos de Deus para a nossa vida? Um grande milagre que soluciona todos os nossos problemas de relacionamento, de saúde, de emprego, de prosperidade, de poder? 

    Mas a fé cristã não se resume em uma promessa de sermos libertados milagrosamente de todas as nossas dificuldades. Fé cristã é a certeza de que Deus, em Jesus Cristo, desce até a nossa mais profunda dificuldade, tristeza e solidão e nos envolve com a sua graça. Alcançados pela sua graça, nos são dadas a força e a orientação necessárias e suficientes para seguir o caminho com ele, enfrentando todos os nossos problemas com o poder da sua presença solidária. 

    O que podemos fazer para que a nossa comunidade seja, nesta semana santa e sempre, um espaço onde as pessoas possam experimentar solidariedade, consolo e paz que vem da parte daquele Deus que se mistura conosco quer estejamos felizes ou infelizes. 

    Conheça a Igreja Evangélica de Confissão Luterana em Petrópolis. 

    Avenida Ipiranga, 346.

    Cultos todos os domingos às 09:00h. Tel. 24.2242-1703


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