• A estética e a ética

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 03/12/2017 09:00

    Encontra-se, no senso comum, a ideia de que o conceito de beleza perpassa por critérios relativos. Está no domínio popular, a frase: “quem ama o feio bonito lhe parece.” Por isso é fundamental ter uma referência para estabelecer um paramento sobre o que possa ser considerado belo.  Partindo dessa premissa, adotaremos aqui o pensamento de Hegel que afirmara: “a beleza só pode se exprimir na forma, porque ela só é manifestação exterior através do idealismo objetivo do ser vivente e se oferece à nossa intuição e contemplação sensíveis”. 

    Em países como Samoa, Jamaica, Taiti, Afeganistão, Mauritânia, Kuwait, Tonga, as mulheres gordas são mais cortejadas, porque neles, a obesidade é sinônimo de beleza, fertilidade, riqueza. Portanto é fácil concluir que a questão cultural também interfere, quando se pretende definir o bonito esteticamente. 

    Outro fator que muito influencia na propagação do conceito de beleza na sociedade contemporânea está relacionado às tendências da moda. Há quem considere “feio” o “fora da moda”; e “bonito”, aquele que anda conforme o que a moda predetermina. O “modelo” preestabelecido geralmente traz consigo as “marcas”, as “grifes”.  A polarização entre “brega” e “chic”, às vezes, avança pela hostilidade. Muitas pessoas são discriminadas pela maneira de vestir, pelo corte de cabelo que usa, em síntese, são julgadas pelas aparências. O padrão de imagem publicitariamente imposto tem levado várias pessoas ao consumo desenfreado das etiquetas, pela ânsia de status. Por razões estéticas, cresce o número de cirurgias plásticas.

    A jovem piauiense de 18 anos, Monalysa Alcântara, Miss Brasil 2017, alcançou o top 10 entre 92 competidoras do concurso Miss Universo. Pela pontuação que recebeu, ficou em sexto lugar, ou seja, por uma posição não entrou no Top 5. Ela é a terceira negra a representar o nosso País nesse concurso e a primeira piauiense a receber essa coroação nacional. Em agosto, quando foi eleita Miss Brasil, sofreu ataques racistas nas redes sociais. Claro que essas hostilidades partiram de pessoas que não são bonitas eticamente. Concordei com Caetano Veloso quando disse, em “Sampa”, que “Narciso acha feio o que não é espelho”.

    Os conceitos de ética e estética não são antagônicos. Na própria palavra estética, há ética. Quando relacionados ao comportamento humano, isso fica mais evidente, porque o belo não deve se restringir à aparência, é preciso ver a essência. E esta, dificilmente é vista desfilando graciosamente pelos tapetes vermelhos. A beleza física é efêmera. A beleza ética ressalta valores que não são perceptíveis pelas retinas. 

     A conduta do ser na sua trajetória de vida revela o caráter.  Desfilaram por este mundo, Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá. E, no momento, podemos citar as ações do Papa Francisco. Para mim, isso é o “chic”; brega é a guerra, a corrupção, a demagogia.

    A verdade, o bem, a caridade, a honestidade, o respeito ao próximo são itens que integram um conceito de beleza mais amplo, por não estar limitado a aspectos físicos. As virtudes precisam ser evidenciadas, porque o ser humano não é formado apenas de matéria orgânica, há o ambiente da convivência social, no qual, a solidariedade, o companheirismo refletem a beleza de quem é útil à humanidade.  Para quem crê no plano metafísico, o amor e a caridade revigoram a alma. E, pela fé, doa-se voluntariamente, por seguir a maior referência de amor que passou por este planeta: Cristo. Este é filho do Belo Absoluto, Senhor do Universo – Deus. Nós, neste mundo, somos apenas efemeridades.

    Últimas