• Moradores questionam obra de supermercado

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  • 26/11/2017 07:00

    Moradores da Vila Operária de Cascatinha questionam a grande obra de um supermercado na Rua Hyvio Naliato, dentro de uma área tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do 2o distrito da cidade. O motivo da revolta, segundo eles, é que a estrutura da obra diverge dos padrões do conjunto arquitetônico local, enquanto qualquer tipo de intervenção nas residências requer um longo e burocrático processo no Iphan. 

    Uma das entradas do novo supermercado fica justamente num dos portões de um terreno que já pertenceu à antiga Companhia Imobiliária. No entanto, ao menos nesse local não houve nenhum tipo de alteração. A construção do mercado deve alavancar o desenvolvimento local e dar mais conforto aos habitantes da região, que não precisarão ir muito longe para fazer compras em supermercado. O questionamento dos moradores é justamente com relação à burocracia para liberar intervenções nas casas, em comparação com o licenciamento para a construção do empreendimento.

    “É muito diferente. Para cada prego que eu precise pregar na minha parede, ou taco que eu precise trocar no meu chão, se eu não pedir autorização posso até ser multado. E se for uma intervenção externa eu preciso ir ainda mais além. Devo ter o crivo deles e a obra tem que ser acompanhada, nos moldes do que for permitido”, explicou Daiana Limeira, que mora há 25 anos no bairro. 

    Segundo ela, grande parte dos imóveis da região são tombados, e até a mais simples das intervenções requer autorizações e projetos que se insiram nos padrões locais. “Aqui é tudo tombado pelo Iphan. Qualquer um que for mexer em obras tem uma baita dor de cabeça, porque é um tal de protocolo pra lá, autorização pra cá. Uma papelada só. 

    Lígia Moreira, que também mora no entorno, destacou a importância do supermercado para o bairro, mas também criticou os padrões da construção. “Sem nenhuma sombra de dúvidas essa obra toda aí vai ser muito boa pro nosso bairro. Vamos nos desenvolver e vai ser muito bom pra gente. Espero que o mercado realmente se consolide aqui e tenha bons preços para nos ajudar a crescer junto com eles. Agora o que eu questiono é essa construção que realmente supera o tamanho das casas no entorno, e é gigante. Enquanto não conseguimos fazer nenhum tipo de obra em casa, mesmo sendo proprietários”, explicou.

    O supermercado em questão tem mais de dez lojas nas regiões serrana e metropolitana do Rio, e o empreendimento deve gerar dezenas de emprego na região de Cascatinha. 

    O Iphan disse que a obra foi autorizada pelo órgão e que tudo foi feito de acordo com o exigido, com exceção de parte da marquise que terá que ser demolida por estar "dentro de um afastamento frontal". O mercado chegou a ser autuado e agora recorre da decisão. "A obra é gigantesca mas está atendendo, exceto pela marquise, aos parâmetros da Portaria 213/96, que dispõe sobre as normas da área de entorno do conjunto tombado. De fato, no bairro há residências tombadas que têm parâmetros mais restritos para construção do que este imóvel do supermercado, que como eu disse está em área de entorno", disse a assessoria de imprensa do órgão. 

    A Tribuna tentou também contato com um responsável pelo mercado, tanto no local da obra quanto por telefone. No entanto, não obtivemos sucesso. 


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