Dirigente do Fed prega cautela para não elevar juros básicos de forma exagerada
Presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) da Filadélfia, Patrick Harker ponderou nesta terça-feira, 29, que é preciso cautela para não aumentar os juros básicos de forma mais intensa do que o necessário nos Estados Unidos. “Elevar os juros rapidamente, enquanto trabalhamos para aliviar os gargalos de oferta e reduzir o balanço patrimonial, pode ser uma reação exagerada. Precisamos nos mover com cautela, mas se mover com cautela não quer dizer que não estamos agindo”, disse em evento organizado pelo Centro para Estabilidade Financeira.
O dirigente, que não vota nas decisões monetárias neste ano, afirmou que o ritmo de redução do balanço patrimonial ainda está em debate entre os dirigentes.
Harker detalhou que há algumas opções para dar seguimento ao processo, como não vender ativos ou compor um portfólio apenas com Treasuries, por exemplo.
Ele disse ainda que elevar a taxa básica de juros enquanto se reduz o balanço patrimonial pode ser confuso para o mercado.
Em relação à curva de juros dos Treasuries, que vem sendo observada pelos operadores, Harker afirmou que “definitivamente há correlação” entre sua inversão e recessão econômica. No entanto, pontuou que não é possível olhar para apenas um único fator e tirar conclusões. A curva de juros serve para observar o sentimento do mercado, em meio à evolução de outros dados, afirmou.
Comprometimento
O presidente do Fed da Filadélfia disse não se comprometer com a defesa de uma elevação de 50 pontos-base na próxima reunião de maio, mas complementou que não descarta essa opção. “Uma alta de 50 pontos é bastante possível”, afirmou.
Harker disse esperar uma série de altas de juros “deliberadas e metódicas” ao longo de 2022. O dirigente projeta sete aumentos na taxa básica neste ano – sendo uma já realizada -, mas que está “muito aberto” para acelerar o aperto monetário, se necessário.
Em relação à redução de balanço de ativos, o presidente do Fed da Filadélfia disse esperar que tenha início “em breve”, sem se comprometer com um mês específico.
Inflação
O dirigente prevê que a inflação dos Estados Unidos comece a ter alívio neste ano, ainda que se mantenha elevada, e fique próxima a 4%. Os próximos dois anos, por sua vez, devem trazer a taxa para a meta de 2% do Fed, projetou.
Harker pontuou que há sinais, com base em dados, de que os gargalos de oferta finalmente estão diminuindo. Além disso, avalia que o crescimento do emprego continua “robusto” no país.
Ainda assim, em discurso, afirmou que todas as projeções estão carregadas de incertezas no cenário atual, com alta de casos de covid-19 na China e em meio à guerra na Ucrânia.
Com menor apoio para a economia, aperto monetário pelo Fed e o conflito no Leste Europeu, Harker espera que o crescimento econômico nos EUA seja menor neste ano. O Produto Interno Bruto (PIB) americano deve avançar entre 3% e 3,5% em 2022 e de 2% a 2,5% em 2023, projeta.