• Trajeto do túnel da BR-040 inclui áreas densamente habitadas

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  • 09/11/2017 08:45

    O que era para ser o maior túnel rodoviário do Brasil, ligando o Rio de Janeiro a Petrópolis e reduzindo o tempo de viagem entre as duas cidades, se transformou em uma bomba relógio. Com cinco quilômetros de extensão e localizado a 70 metros de profundidade, o túnel que estava sendo construído pela Concer – concessionária que administra a rodovia – corta parte da BR-040, começando na altura do mirante do Belvedere e terminando próximo ao Bairro Duarte da Silveira. A construção que faz parte do projeto da nova subida da serra passa abaixo de duas grandes comunidades: Contorno e Bingen (Galdino Pimentel – localidade que fica a poucos metros do Terminal Rodoviário). Quem está na rota do túnel teme novos desastres como o que ocorreu na manhã da última terça-feira, quando uma cratera se abriu engolindo uma casa na comunidade do Contorno, possam se repetir.

    “Durante meses, nós convivemos com o barulho das explosões. Tudo tremia. Agora, com essa tragédia tememos pelas nossas casas e nossas vidas. O túnel passa aqui, por baixo de toda essa comunidade. Que segurança nós temos?”, questionou a aposentada Dulce Firmo, de 63 anos. Ela é moradora do Contorno, em uma comunidade que fica a cerca de 300 metros de onde a cratera se abriu e cuja casa ainda não tinha sido interditada. A região do Contorno conta com seis comunidades e a localidade chamada do Vale da Escola foi a afetada pelo deslizamento. Nesta região interditada pela Defesa Civil havia 50 moradias.

    Outra comunidade que está na rota do túnel é o Bingen, especificamente a Rua Galdino Pimentel, vizinha ao Terminal Rodoviário. Na localidade, há moradias, comércio, sítios e um condomínio de pequenos prédios. Quem mora no local vive a incerteza se a região está segura. 

    “Não sabemos se as escavações foram concluídas, ninguém nunca nos deu uma satisfação”, disse o aposentado Lair Cogliati, de 83 anos. Morador da Galdino Pimentel há 47 anos, ele conta que durante meses os moradores conviveram com as explosões e a incerteza do que estava sendo feito na região. “Dava para sentir o chão tremer. Durante algum tempo, os técnicos da Concer vinham aqui e faziam sondagem em dois pontos onde abriram um buraco de 50 metros. Depois que a obra parou nunca mais vieram”, contou.

    A construção do túnel começou em dois pontos: na entrada pelo Belvedere e no desemboque na altura do Bairro Duarte da Silveira. As escavações nos dois locais foram acontecendo alternadamente até eles se encontrarem. A Concer não informou se a estrutura principal do túnel chegou a ser concluída. “Não sabemos se as escavações foram concluídas e se aqui, na nossa região, o túnel chegou a ser escavado. O que podemos afirmar é que há muito tempo ninguém da Concer vem aqui para fazer vistorias e sondagens”, disse o empresá- rio e morador da Galdino Pimentel, Luiz Augusto Pereira, de 53 anos.

    Além do túnel de cinco quilômetros de extensão, o projeto da nova subida da serra previa a edificação de vias marginais, retornos, variante de traçado e a ligação Bingen-Quitandinha. As intervenções começaram em 2013, mas foram paralisadas em julho de 2016. Na época, a Concer alegou que aguardava a validação do termo aditivo ao contrato de concessão, que havia sido anulado pelo Ministério Público Federal (MPF) e previa o aporte de recursos federais no valor de R$ 600 milhões para dar continuidade à obra que estava orçada em R$ 1,2 bilhão.





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