Historiadora petropolitana vence Prêmio Jabuti

A arquiteta e historiadora petropolitana Adriana Martins Pereira é a vencedora do prêmio Jabuti na categoria Artes, Arquitetura e Fotografia. O reconhecimento é pelo livro “Lentes da Memória: a descoberta da fotografia de Alberto de Sampaio – 1888-1930″. A solenidade da premiação será realizada no dia 29 de novembro. O anúncio do recebimento de uma das estatuetas mais cobiçadas da literatura nacional emocionou a autora.

O livro fala do movimento amador, na fotografia e no cinema, na cidade do Rio de Janeiro. Nele são revelados dados e nomes dos pioneiros que fundaram clubes e sociedades desde o fim do século XIX na então capital do país – dentre eles, Alberto de Sampaio. Ele foi responsável também por integrar grupos importantes durante o período em Petrópolis, assim como registrar em fotografias diversos eventos. O trabalho começou a ser desenvolvido em 2013 por Adriana, depois que ela descobriu na Sociedade Petropolitana de Fotografia vasto acervo de registros de Alberto Sampaio, que retratam inclusive monumentos e locais históricos do Rio de Janeiro que já não existem mais ou passaram por grandes intervenções que descaracterizaram a arquitetura inicial. O trabalho foi concluído em 2015.

O livro rendeu ainda pelo menos três exposições, antes mesmo de ser premiado. As mostras foram realizadas em Cubatão, no Parque Novo Anilinas; no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo; e no Centro Cultural dos Correios no Rio de Janeiro. Parte do material presente nas exposições consiste em registros fotográficos, além de objetos pessoais, raros materiais de laboratório fotográfico usados por Sampaio e projeções de filmes rodados em 16mm pelo amador.

“Durante minhas pesquisas cheguei a localizar o neto de Sampaio! Fiz muitos estudos e trabalhos até chegar nesse resultado que muito me orgulha. Afinal, são imagens que narram de forma singular a memória de um homem comum e seu encontro com eventos cruciais para a história do Brasil. O assunto foi inclusive tema do meu mestrado e também doutorado. No livro trago esse trabalho maravilhoso realizado por Sampaio, mas também por fotógrafos amadores antes desconhecidos que tanto contribuíram para esse resgate histórico”, disse Adriana. 

Entre os grandes eventos registrados por Sampaio estão a inauguração da Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro; do Palácio Monroe, Morro do Castelo, que possuía um observatório de astronomia e posteriormente foi demolido, entre outros. “Ele também gostava muito de foto grafar a família, principalmente quando residiam aqui em Petrópolis. Ele veio morar na Cidade Imperial aos 20 anos”, contou.

Alberto de Sampaio foi um advogado e dedicado fotógrafo amador que viveu nas cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis. Nascido em 1870 numa família abastada, tinha como hobbies a poesia, a pintura e a fotografia, paixão que exerceu até um ano antes de sua morte, em 1931. Iniciado na fotografia em 1888, aos 18 anos, teve seu período de maior atividade entre 1905 e 1914.