Moradores voltam a denunciar transbordo improvisado no Chácara Flora
Há uma semana, a Tribuna de Petrópolis relatou o temor dos moradores da comunidade do Chácara Flora de que a lama e o lixo, que vinham sendo depositados na quadra esportiva, aos fundos do Centro de Educação Infantil – CEI Deise Eloi Gomes, pudesse, em novo temporal, serem levados para as casas que ficam em um ponto abaixo da área onde operava o transbordo. Durante o temporal de domingo (20), foram horas de desespero e um medo que se tornou realidade. Embora a Prefeitura tenha dito que o transbordo improvisado é ”seguro”, na hora do temporal, no último domingo, moradores disseram estar revivendo o dia 15 de fevereiro.
“Olha o que a gente está passando aqui por causa daquela terra”, relatou o aposentado Celso José Mesquita, em vídeo gravado e enviado para a Tribuna de Petrópolis ainda durante a noite de domingo. Nas imagens, moradores tentam segurar um portão, contra a força da correnteza, em uma tentativa desesperada de formar uma barragem e impedir que a enxurrada levasse mais lama para a escadaria dos prédios onde vive o aposentado e outras famílias.
“Cansamos de falar daquela terra do campo. Eles (a Prefeitura) estão querendo derrubar o prédio”, afirmou o aposentado, ainda no vídeo gravado à noite, lembrando da denúncia que fez à Tribuna de Petrópolis no dia 15 de março, um mês da tragédia. Em outro vídeo, gravado durante o temporal na tarde de domingo, o aposentado grita para os funcionários da Comdep, no local: “Eu te falei. Foi tudo lá para casa, para o meu porão. Perdi tudo de novo. A gente avisou que ia acontecer”, esbraveja Celso.
Quando procurou a reportagem do jornal, o aposentado chamava a atenção para o trabalho de transbordo do lixo e da lama, que vinha acontecendo na quadra do bairro. Caminhões de menor porte traziam o material retirado de bairros vizinhos, como o Alto da Serra e Sargento Boening, para que depois um caminhão de maior porte fizesse o transbordo.
O aposentado temia que a atividade pudesse expor a comunidade ao risco de novos deslizamentos de terra. O perímetro onde fica a quadra é o mais afetado da região, e fica ao lado do prédio do CEI. Deise Eloi Gomes, que foi interditada após o dia 15 de fevereiro.
“Esse material pode sobrecarregar ali a creche, que já está interditada desde o dia 15, porque foi atingida pela barreira. A minha casa fica logo à baixo. Se chover forte, pode descer tudo para lá. E aí, quem vai se responsabilizar?”, questiona o aposentado há uma semana.
No dia 17, após a publicação da reportagem, a Comdep esclareceu que “a operação na quadra é segura. O objetivo da companhia é limpar a comunidade e liberar a quadra o mais breve possível”.
Após a chuva do último domingo, a Tribuna voltou a questionar a Prefeitura sobre os problemas citados na matéria, a Comdep negou que a lama que invadiu a casa dos moradores tenha relação com o transbordo improvisado. A Comdep informou que “devido a chuva do domingo (20) – com acumulado histórico superior a 500 milímetros – desbarrancou locais que já havia sofrido deslizamentos na chuva do dia 15 de fevereiro; um desses pontos é o Chácara da Flora. A Comdep ressalta que na área de transbordo (a quadra da comunidade) os detritos são retirados à noite e que a lama, que voltou a atingir as ruas da região, veio das áreas com deslizamentos”.