• Com a gasolina mais cara, motoristas correm até os postos que ainda não aplicaram o reajuste

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  • 11/03/2022 15:02

    As consequências do embargo econômico imposto pelos EUA à Rússia (uma das maiores exportadoras de petróleo do mundo) já pesa no bolso também dos petropolitanos. Nesta sexta-feira (11), postos de diferentes pontos da cidade amanheceram com novos valores nas bombas, uma alteração quase que de forma imediata ao anúncio do Governo Federal de que haveria repasse nas refinarias, aumentando o preço da gasolina (18,8%), do diesel (24,9%) e do gás de cozinha (16,1%).  Na maioria, o salto foi de R$ 7,49 para cerca de R$ 8,19 – cerca de 9,34% a mais.

    Para o Jonathan Alves, a solução foi buscar um posto na rua Coronel Veiga, no Quitandinha, que ainda não tinha aplicado o reajuste. “Vim para encher o tanque e tentar economizar um pouco. Colocando cerca de 40 litros, estou gastando R$ 299,60. Se fosse abastecer com o novo valor, seria R$ 327”, diz o auxiliar de mecânica.

    Em outro posto, também na Rua Coronel Veiga, o novo valor já estava na bomba desde às 6h, o que pegou de surpresa até o frentista. “Vim abastecer o carro hoje, antes de que houvesse o aumento, mas já tinha reajustado. Agora é pagar mais caro. Fazer o que?”, lamenta.

    Em seis postos percorridos pela reportagem da Tribuna de Petrópolis, no Quitandinha e no Alto da Serra, apenas um deles não tinha efetuado o reajuste. Nos demais, o menor acréscimo fez com que a gasolina comum chegasse a R$ 8,09 na bomba. A velocidade com que o repasse para os motoristas aconteceu, pegou de surpresa até o órgão de defesa do consumidor de Petrópolis. Nesta sexta-feira, o Procon percorreu postos para verificar se há gasolina de estoque antigo sendo vendida pelo preço reajustado. Quem for flagrado poderá ser multado.

    Por que está mais caro?

    O barril do petróleo, hoje, como consequência da diminuição da oferta que é resultado do embargo imposto pelos EUA à Rússia, está avaliado em US$ 139,38 no mercado internacional – o maior valor em 14 anos. Mas, se o Brasil é um país produtor de petróleo, o que a alta do dólar tem haver com isso?

    Desde outubro de 2016, quando o governo interino de Michel Temer assumiu, a Petrobrás passou a adotar a Política de Preços Internacionais – PPI, que impacta em toda cadeia produtiva e de distribuição da Petrobras. Uma política mantida até hoje pelo governo de Jair Bolsonaro, que além de não alterar a política de paridade, ainda fez esforço para privatizar a estatal.

    “Com essa medida, o preço que chega nas refinarias simula uma importação do combustível (mesmo sem haver essa importação). Na prática, a gente tem um país produtor de petróleo pagando como se estivesse importando tudo que a gente consome. Essa conta, quem vem pagando é a população, em prol dos lucros que a Petrobrás passou a obter nos últimos 7 anos. Com uma crise internacional como essa que resulta das sanções econômicas aplicadas a um país produtor de petróleo, a gente passa a sofrer a consequência dessa variação do barril de petróleo diante do dólar, porque a gente tá pagando importação que não faz”, explica o economista Erivelton Soares.

    Aliada a essa política de preços, que tem o dólar como lastro, o Brasil ainda viu o ministro da economia Paulo Guedes adotar medidas para a desvalorização do real frente ao dólar. Em fevereiro do ano passado, ele defendeu a desvalorização do real, alegando que a perda de valor da moeda nacional reverte o processo de desindustrialização e incentiva o empreendedorismo, em razão da alta dos juros. Meses depois, a inflação acumulada nos últimos 12 meses passou a marca de 10%, a maior desde fevereiro de 2016. Economistas apontam a desvalorização da moeda, defendida por Paulo Guedes, como um dos principais fatores do aumento nos preços de produtos e serviços.

    “E com a política de reajuste constante aplicada aos combustíveis, a gente tem um cenário onde a inflação tende a crescer mais. Porque tudo se transporta em meio rodoviário no país. Com o combustível mais caro, a comida também fica mais cara nos mercados, nos restaurantes”, destaca o economista.

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