Ex-funcionários das UPAS cobram o pagamento dos direitos trabalhistas
Os 400 funcionários que atuavam – alguns ainda atuam – nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) Centro e Cascatinha ainda não receberam os valores referentes aos direitos trabalhistas após a rescisão do contrato que tinham com a Cruz Vermelha. Até o momento, eles só receberam os salários do mês de agosto. Na manhã de ontem (26), um grupo de trabalhadores se reuniu na Praça dos Expedicionários, no Centro, para cobrar o pagamento das rescisões.
“Nossa situação é muito difícil. Um empurrando a responsabilidade do pagamento para o outro e no fim ninguém pensa nos funcionários que estão passando por dificuldades financeiras”, lamentou a técnica de enfermagem Rafaela Affonso, de 29 anos, que trabalhou um ano e meio na UPA de Cascatinha.
Os funcionários das duas UPAS começaram a ter os contratados rescindidos em agosto pela Cruz Vermelha Brasileira do Estado do Rio de Janeiro – que administrou as unidades até o dia 20 de setembro quando o Consórcio Saúde Legal (vencedor da licitação promovida pela Prefeitura) começou a gerir as UPAS. Desde então, os trabalhadores cobram o pagamento dos direitos trabalhistas.
A Cruz Vermelha alega que a Prefeitura não fez os repasses referentes às rescisões, que custarão à entidade cerca de R$ 7,8 milhões, e diz que, por isso, ainda não pagou os funcionários. A entidade alega ainda que a Prefeitura reteve R$ 1 milhão de repasse do governo federal para as duas UPAS. De acordo com entidade, o dinheiro chegou este mês e é referente ao exercício de setembro, quando a Cruz Vermelha ainda administrava as unidades.
“Não sabemos quem está falando a verdade, o que sabemos é que não somos prioridade”, lamentou a a copeira Cida Pelegrine, de 56 anos, que trabalhou por quatro anos na UPA de Cascatinha. Eles também criticaram a posição do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde. “Alguém do sindicato deveria estar aqui nos apoiando. Não sabemos quem pode nos ajudar”, frisou a copeira.
O presidente do sindicato da categoria, Fernando Assunção, se defendeu das críticas dos trabalhadores e garantiu que a entidade já entrou com denúncias no Ministério Público do Trabalho (MPT). “Estamos fazendo a nossa parte, mas infelizmente a Cruz Vermelha diz não ter dinheiro para pagar e alega que, por isso, não fará as homologações. Estamos cobrando da Cruz Vermelha e denunciamos toda essa situação ao MPT”, disse o sindicalista.
Em nota, a Prefeitura ressaltou que a “obrigatoriedade de pagamento aos funcioná- rios cabe à Cruz Vermelha” e esclareceu que já quitou R$ 2 milhões de um total de R$ 5 milhões devidos à entidade. As dívidas são de 2012, na ordem de R$ 490 mil; de 2013, montante de R$ 331 mil; de 2014, R$ 359 mil; de 2015, R$ 766 mil, e de 2016, R$ 1,1 milhão.
Ainda na nota, o município informa que “aguarda que a Cruz Vermelha apresente as planilhas relativas ao serviço prestado – o que não é feito desde janeiro de 2016, para que seja feita auditoria para verificar a situação referente a débitos junto à entidade”.