• Maior museu da Ucrânia corre para proteger acervo durante guerra

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  • 06/03/2022 14:27
    Por Estadão

    O diretor do maior museu de arte da Ucrânia anda por seus corredores, supervisionando a equipe que empacota suas coleções para proteger a herança nacional no caso de a invasão russa avançar para o oeste.

    Em uma galeria parcialmente vazia do Museu Nacional Andrey Sheptytsky, funcionários colocam peças barrocas cuidadosamente dentro de caixas identificadas. A alguns metros dali, um grupo desce a majestosa escada principal carregando uma gigante peça de arte sacra, a iconóstase Bohorodchany.

    “Às vezes as lágrimas surgem porque muito esforço foi colocado aqui. Leva tempo, energia. Você está fazendo algo bom, se sente satisfeito. Hoje você vê paredes vazias, então parece amargo, triste. Nós não acreditávamos que isso pudesse acontecer até o último minuto”, disse na sexta-feira, 4, o diretor-geral do museu, Ihor Korzhan. As portas do museu na cidade de Lviv foram fechadas desde que a guerra entre Rússia e Ucrânia começou em 24 de fevereiro, e locais que abrigam acervos ao longo do país enfrentam perigo enquanto o conflito continua.

    Kozhan afirma que recebe ligações diárias de outras instituições culturais europeias oferecendo ajuda enquanto ele e sua equipe correm para preservar os trabalhos do museu.

    Anna Naurobska, chefe do departamento de manuscritos e livros raros, disse que ainda não sabe onde armazenar de forma segura os mais de 12 mil itens que estão sendo empacotados em caixas. O processo de realocação e o medo de que a coleção esteja em perigo por ocasião de um ataque na cidade a preocupa.

    “Essa é a nossa história; essa é a nossa vida. É muito importante para nós”, diz Naurobska. Ela anda até outra sala e segura uma peça massiva, enquanto lágrimas surgem em seus olhos. “É um livro russo”, ela diz, colocando-o de volta à prateleira. “Estou tão brava”.

    Assim como o museu, outros lugares em Lviv estão correndo para proteger trabalhos de importância artística ou cultural. Os expositores do Museu de História da Religião estão quase vazios. Trabalhadores estão organizando contêineres de metal no pátio para armazenar os itens remanescentes de forma segura antes de colocá-los em porões.

    Na Catedral Latina, as esculturas foram cobertas com cartões, espuma e plástico para protegê-las de possíveis estilhaços. Entre as paredes vazias e as estátuas encobertas, Kozhan lamenta o museu vazio, que sobreviveu a duas guerras mundiais. “O Museu tem que viver. As pessoas têm que estar aqui, em primeiro lugar as crianças. Elas têm que aprender o básico de sua cultura”, diz.

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