Bolsonaro diz que manterá neutralidade e evita criticar russos
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que seu governo vai se manter neutro no conflito entre Rússia e Ucrânia. “A meu entender, não vamos tomar partido. Vamos continuar pela neutralidade e ajudar no que for possível pela busca de uma solução”. O presidente evitou condenar a invasão da Ucrânia e se mostrou reticente em relação à possibilidade de a comunidade internacional impor sanções à Rússia, indicando que o Brasil não deve seguir o movimento feito pela Europa e pelos EUA contra o regime de Vladimir Putin caso as sanções afetem as importações de potássio russo.
Com vaga no Conselho de Segurança da ONU, o governo brasileiro dará um dos votos sobre o tema na próxima reunião do grupo, prevista para esta semana. “Deixo claro que o voto do Brasil não está definido ou atrelado a qualquer potência. Nosso voto é livre e será dado nessa direção”, disse em entrevista no Guarujá, no litoral de São Paulo. “Para nós, a questão do fertilizante é sagrada. E nossa posição, como acertado com o Carlos França, é de equilíbrio”, declarou o presidente.
O conflito provocou aumento no preço dos fertilizantes no mercado internacional. O plantio de grãos do Brasil depende do produto. “Nossa posição tem que ser de bastante cautela para não trazermos problemas para o nosso País.” Bolsonaro disse “não adianta ter um milhão de razões de um lado e um canhão do outro”. O presidente afirmou ainda: “Ninguém quer usar a pólvora, todos preferem usar a saliva, mas não se sabe do lado de lá”. E defendeu uma saída pacífica para a crise.
Massacre
Bolsonaro disse não acreditar que Putin tenha a intenção de liderar um massacre de civis. Em seguida, destacou o desejo de parte da população do sul da Ucrânia de se separar do país. Lembrou ainda que parte dos ucranianos fala russo e chamou os dois países de “quase irmãos”. Ao citar a defesa russa da independência das regiões de Luhansk e Donetsk, falou que “não vamos entrar no mérito se tem razão ou não, vamos buscar a paz”.
A fala de Bolsonaro destoa da posição do embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Costa Filho. “Uma linha foi cruzada e esse Conselho não pode ficar em silêncio.” O Brasil votou no conselho a favor da resolução proposta para condenar a guerra de Putin. A resolução foi vetada pela Rússia.