• Lição de Solidariedade: voluntária na tragédia de 2011 ajuda novamente às vítimas da chuva

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  • 23/02/2022 08:00
    Por Jussara Madeira

    Em 2011, Emanuelle Blanco, então com 10 anos de idade, esteve na capa da Tribuna de Petrópolis por ser a mais jovem voluntária em um centro de apoio às vítimas das chuvas do Vale do Cuiabá. Agora, mais uma vez envolvida pelo destino na catástrofe que se abateu por Petrópolis, ela volta ao trabalho voluntário levando alimentos, água e outros itens básicos  para famílias que ficaram isoladas devido às barreiras. Emanuelle fala sobre a união dos petropolitanos em uma rede de ajuda que mostra a solidariedade de um povo marcado pelas tragédias. “Após 10 anos, eu vejo que a gente continua um povo acolhedor, um povo que abraça, um povo que ama”.

    Era noite de 11 de janeiro de 2011 quando a família de Emanuelle, que morava em Itaipava, acolheu vizinhos que fugiam de uma área de risco. Mesmo sem ter a dimensão da tragédia que atingiu Itaipava por ser ainda uma criança, a situação caótica marcou a vida da menina. “Algumas cenas ficaram marcadas. Era uma chuva diferente, a forma como a chuva caía, a quantidade, a duração e o peso. Era diferente”, recorda. “Ver tudo aquilo mudou minha a vida, minha perspectiva de vida, minha perspectiva sobre o próximo”. 

    Na época, a pequena Emanuelle se sensibilizou com toda aquela situação e conseguiu convencer os pais a deixarem que ela ajudasse. Separava brinquedos para doações no Ciep de Itaipava quando foi descoberta pela imprensa e estampou a capa da Tribuna de Petrópolis, da edição de 16 de janeiro de 2011, na matéria intitulada “Petropolitanos se unem em mutirão de solidariedade”.

    Na tarde de terça (15), o destino a colocou diante de uma nova tragédia. Emanuelle, agora com 21 anos, estudante de Administração da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), decidiu ir mais cedo para o campus da Benjamin Constant e estudar até a hora da aula. A chuva começou a cair e inicialmente, como todos os petropolitanos, achou que fosse mais uma chuva passageira. Em pouco tempo, começou a receber fotos pelo celular dos estragos que a chuva começava a fazer por vários bairros.

    “Quando olhei pela janela vi a rua onde meu carro estava parado, cheia. Eu fiquei vendo a chuva, o peso, a quantidade e a duração eram as mesmas de 11 anos atrás”, relembrou.

     Ao conseguir sair da universidade, Emanuelle se deparou com a cena da nova tragédia, carros arrastados, comércios destruídos e pessoas que perderam a vida em meio à lama. “Eu vi o caos que eu não cheguei a ter contato quando tinha 10 anos, não tinha chegado tão perto”, contou.

    Alunos da UCP voluntários no auxílio às vítimas da tragédia. (Foto: Arquivo pessoal)

    Segura e em casa, Emanuelle relembrou as tristes cenas que presenciou ao passar pelo centro da cidade neste 15 de fevereiro e sentiu mais uma vez a necessidade de ajudar. Com um carro utilitário emprestado, ao lado de outros alunos da UCP que estão atuando como voluntários desde poucas horas após a tragédia, ela dirige pelas ruas da cidade levando donativos às famílias desoladas pela tragédia. 

    Segundo Emanuelle, todos que estão nas ruas atuando desde as primeiras horas após a tragédia estão unidos numa grande rede de solidariedade. Polícias, socorristas, ongs e os voluntários unidos com o objetivo de ajudar o próximo. “Também tenho que agradecer à universidade onde todos estão sendo incríveis, professores, coordenadores e a própria universidade como instituição”, ressaltou.

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