• “Se essas sirenes não tivessem tocado, o número de vítimas seria maior”, afirma o superintendente da Defesa Civil do Estado

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  • 22/02/2022 09:10
    Por Vinícius Ferreira

    No sétimo dia desde o desastre causado pela chuva torrencial, que caiu sobre o primeiro distrito de Petrópolis, na última terça-feira (15), a cidade continua contabilizando estragos e as perdas humanas dessa tragédia. O levantamento feito pelo Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro já indica que foram encontrados 182 corpos. Desse total, 168 foram identificados até o momento. Há ainda uma lista divulgada pela Defesa Civil com 104 pessoas desaparecidas. Uma tragédia, a maior da história da cidade, e que poderia ter sido ainda pior.

    “Se essas sirenes não tivessem tocado, o número de vítimas seria maior. Ainda temos a resistência de moradores, que mesmo com a sirene não saem de casa. Temos 20 sirenes funcionando e essa tecnologia não está obsoleta. Existe também o envio de SMS em que as pessoas podem se cadastrar e receber o alerta de chuva forte na região delas”, afirmou o superintendente da Defesa Civil do Estado, o coronel do Corpo de Bombeiros Alexandre Silveira.

    O representante da secretaria estadual de Defesa Civil afirmou ainda que tanto o Estado quanto o Município receberam o alerta do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden. “O monitoramento é feito em conjunto. O Cemaden realmente deu esse aviso. O Estado também tinha esse aviso e também fez a sua própria previsão. E o centro de operações do município também possuía essa previsão. O responsável em distribuir essa informação para a população é o município e foi feito pela Defesa Civil municipal”, disse Silveira.

    Secretário de Defesa Civil do Município, o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Gil Kempers, disse que o aviso foi dado à população assim que a possibilidade do temporal foi identificada. “Nós recebemos o alerta do Cemaden, por volta de 16h da tarde. A nossa equipe, que faz o monitoramento, já havia detectado essa possibilidade de chuva forte. Então, por volta das 15h30 a gente fez o primeiro aviso via SMS. Por volta de 16h27 fizemos o primeiro acionamento (das sirenes nas áreas de risco), foram acionadas primeiro quatro comunidades e, na sequência (16h30), as demais”, relata Kempers.

    “Nenhum tipo de solo tem a capacidade de escoar esse tipo de chuva”

    “Era uma chuva convectiva. Diferente da chuva de frente fria, que vem se deslocando do sul, ela tem essa característica de verão. Ela forma em um local e não faz deslocamento de forma rápida. De forma atípica ela ficou estacionada sobre a cidade, por mais de uma hora, chegando a esse valor de mais de 260mm em apenas duas horas. Nenhum tipo de solo tem a capacidade de escoar esse tipo de chuva”, afirma o secretário municipal de Defesa Civil, que disse ainda que na noite do desastre, 100 pessoas já atuavam nos resgates.

    Cidade já estava vulnerável

    Para o superintendente estadual da Defesa Civil, mesmo sendo previsíveis no verão, o temporal da última terça-feira é algo excepcional. “Não vou dizer que não era previsto porque a gente já sabe que no verão isso pode vir a acontecer. Mas, não da forma como aconteceu. No centro de Petrópolis, uma carga de água absurda em relação a outras chuvas que nós tivemos e basicamente nós tivemos um verão muito chuvoso que fez com que o solo já estivesse encharcado e com a bacia (hidrográfica) cheia”, ressalta Silveira, que afirma ainda que já havia a conclusão de que o risco de deslizamento na cidade era alto até para uma chuva menor do que essa.

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