• Confira o especial de aniversário de 115 anos da Tribuna de Petrópolis

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  • 08/10/2017 08:00

    “…O facto é que a imprensa entre os povos livres e altivos é arma poderosíssima, bello e reluzente instrumento cirúrgico, capaz de operar milagres em benefício do organismo social ou de nelle causar os maiores desastres, males irreparáveis – conforme os que manejam se achem inspirados nos sentimentos do bem, da verdade e da justiça, em deixar abafar a consciência pela onda de ódio, da ambição e a da disputa”. Este trecho do editorial “O Nosso Objetivo”, publicado na primeira edição da Tribuna de Petrópolis, em 9 de outubro de 1902, ilustra bem o início do que seria o maior e mais importante jornal da cidade.

    Em seus 115 anos de história, a Tribuna de Petrópolis cresceu acompanhando a história de Petrópolis, dando voz aos cidadãos e incentivando a cultura local. O jornal, aberto no início no século XX, deu continuidade a um processo jornalístico característico do século XIX, sempre registrando fatos, dirimindo dúvidas, cobrando ações e entretendo a sociedade de forma moderna e dinâmica, acompanhando a nova estrutura social que se formava.

    Assim nasceu a Tribuna de Petrópolis, substituindo o extinto jornal O Povo. Com publicações bissemanais, seguiu a mesma característica da antiga publicação. Sua primeira sede ficava na Avenida XV de Novembro, número 139, avenida que hoje é conhecida como Rua do Imperador. Na ocasião, o diretor e editor-chefe de redação era o Capitão Gabriel Augusto Nogueira, que só ficou no cargo por duas semanas, sendo substituído por um dos mais importantes nomes da imprensa local: Arthur Barbosa. 

     Sob a direção do importante jornalista, a Tribuna passou por um período de dificuldades, em que precisou suspender algumas publicações por ameaças políticas. Após este período, o jornal voltou a circular com um formato maior do que os jornais da época. As publicações passaram a ser feitas três vezes por semana, com modificações em seu formato, incluindo mais uma coluna. A partir de 1908, o jornal se transformou em um periódico diário. 

    Após este período, Barbosa percebeu que o jornal havia crescido e que precisava de mais espaço. Assim foi feita a mudança para a Rua Mordomo, número 39 (conhecida hoje como Rua Paulo Barbosa). Em 1916 houve uma nova mudança – a redação foi transferida para a Rua Marechal Deodoro, número 36. Até que finalmente, em 1928, o jornal ganhou uma sede definitiva, na Rua Alencar Lima, endereço no qual o Grupo Tribuna funciona até hoje, em um terreno que era extensão do antigo Grande Hotel Bragança.


    A construção da atual sede contou com a ajuda popular, que, através de doações espontâneas, auxiliaram na execução do projeto. A inauguração da nova sede foi em 12 de janeiro de 1929 e contou com a presença de mais de mil pessoas. Arthur Barbosa se manteve proprietário e diretor da Tribuna até 1943, quando vendeu-a a Augusto Martinez Toja. Em 1947, aos 80 anos de idade, Arthur faleceu. Além de ser reconhecido como o pai da imprensa diária, ele foi também o criador de uma galeria de jornalistas, tipógrafos e demais profissionais que se destacaram e fixaram o nome Tribuna de Petrópolis por toda a cidade e até fora dela. Nomes importantes jornalismo fluminense e que ficaram para sempre na história. 

    Em 1947, outro monstro do jornalismo assumiu a redação e imprimiu também a sua própria marca. Guilherme Auler dirigiu uma imensa equipe de funcionários e colaboradores, que se manteve pela década de 50 marcando o jornalismo petropolitano, em uma época onde tornava-se cada vez mais difícil fazer frente aos novos meios de comunicação como o radiofone. Auler foi outra marca evidente da persistência pela sobrevivência do mais importante diário petropolitano.

    Na década de 60, inúmeros redatores, jornalistas e colaboradores passaram pela Tribuna de Petrópolis. Teve Paim de Carvalho que substituiu Guilherme Auler, com seu afastamento, e posteriormente Alcindo Roberto Gomes. No entanto, foi no final da década de 70 que realmente o jornal deu uma nova arrancada. Desta vez para ocupar de forma definitiva o lugar que sempre lhe foi destinado não somente na imprensa petropolitana como também na fluminense. Francisco de Orleans e Bragança assumiu o jornal promovendo reformas que, ao longo de 40 anos, desencadearam uma expressiva revolução na imprensa da cidade. 

    Com uma série de redatores-editores – Ivaldo Costa, Silvio de Carvalho, Helmuth Laurtterjung, Francisco Carlos de Andrade, Andrea Constâncio e Douglas Prado – Francisco Bragança fixou o nome da Tribuna de Petrópolis, definitivamente, na história da imprensa brasileira. Foram inúmeras mudanças na equipe, no parque gráfico, no padrão e formato do jornal e na sua composição, chegando até o jornalismo digital. 

    Na passagem do século, a Tribuna de Petrópolis mudou, adaptando-se às novas realidades e primando pela qualidade de seu conteúdo. Ao longo do tempo, manteve uma de suas importantes marcas: os classificados. A Tribuna sempre apresentou diferenciais em relação ao que era divulgado na capital e tornou-se o mais procurado do interior do estado. A empresa ganhou ainda mais dinamismo com a criação da Rádio Tribuna FM e da Sumaúma Editora e Gráfica Ltda. Nos últimos anos, a Tribuna de Petrópolis também se inseriu no jornalismo digital, onde divulga, pela internet, as principais notícias da cidade, do estado, do país e do mundo, além de crônicas, artigos e toda a alegoria informativa que compõe suas edições, trazendo inclusive um arquivo semanal.. 

    *Baseado em texto do historiador e pesquisador Oazinguito Ferreira da Silveira Filho.


    Uma voz a serviço da sociedade petropolitana

    “A Tribuna, em suas colunas, possibilitou a escritores e juristas, transformarem suas oratórias em letras de forma, cuidadosamente compostas por tipógrafos e impressores, levando a voz de Petrópolis aos quatro cantos da cidade e do Estado”. Publicada na edição especial do centenário da Tribuna de Petrópolis, Francisco de Orleans e Bragança descreve nestas palavras o importante papel que o jornal estabelece desde a sua fundação no cotidiano da sociedade petropolitana.

      Desde 1902 a Tribuna tem se apresentado como um importante instrumento que dá voz às reivindicações da sociedade petropolitana, mas também se destaca como um grande descobridor de talentos para a literatura e poesia, sempre abrindo suas páginas para a colaboração dos escritores da cidade, e também publicando matérias de personalidades de outros lugares. Contribuindo para a formação de pessoas que se destacaram no jornalismo, criando um importante corpo de repórteres e redatores. 

    Entre tantos feitos na cidade, podemos destacar sua colaboração para a criação da Academia Petropolitana de Letras. Fundada em 1922, a entidade contou com o apoio do jornal na publicação de uma carta de Joaquim Heleonoro para João Roberto d’Escragnolle que mostrava a necessidade da fundação de uma associação para os intelectuais da cidade. A Tribuna sempre deu ampla e total cobertura jornalística e de divulgação das atividades acadêmicas. Muitos jornalistas militantes da cidade integraram os quadros acadêmicos, e, hoje, a Academia é uma instituição respeitada e atuante da vida petropolitana..

    Uma longa história de incentivo a talentos de diferentes áreas

    Muitas personalidades importantes da cidade tiveram seus artigos e escritos publicados. Por aqui passaram alguns nomes importantes, jornalistas do esporte, da cultura, além de escritores e poetas. Por causa do grande papel de incentivador da cultura, possibilitou o descobrimento de diversos talentos locais. Um destes talentos foi descoberto pelas páginas da Tribuna de Petrópolis ainda criança. Joaquim Eloy dos Santos, importante escritor da cidade, teve seu primeiro artigo publicado quando tinha apenas 10 anos. 

    Joaquim conta que seu pai, Joaquim Heleonoro dos Santos, era Presidente da Escola de Música Santa Cecília e escrevia artigos periódicos para a Tribuna de Petrópolis. Na ocasião, seu pai tinha alguns escritos que deveriam ser entregues na redação do jornal. A seu pedido, ele deixou no jornal a encomenda, mas, junto, colocou um artigo que tinha escrito sobre a Proclamação da República. Para sua surpresa, em 15 de novembro de 1945 viu sua crônica publicada nas páginas do jornal com uma pequena homenagem:

    “Joaquim Eloy, um inteligente menino de cerca de 10 anos, desejando prestar uma homenagem ao proclamador da república, veio visitar-nos, solicitando a inserção de um pequeno trabalho seu nas colunas de TRIBUNA DE PETRÓPOLIS. Como incentivo aos nossos jovens e mormente ao Joaquim Eloy, cujo amor ao estudo e ao culto cívico se denotam no menino petropolitano, inserimos, com prazer, o seu trabalho.”

    Para o jovem escritor, este pequeno incentivo foi o propulsor para o desenvolvimento de uma bela carreira como escritor e poeta na cidade. “Posso dizer que a Tribuna me lançou na atividade da escrita e do jornalismo. A Tribuna me deu um alento. Fiquei orgulhosíssimo por meu artigo ter sido publicado na ocasião”, disse, saudoso. 

    A história do escritor cruzou muitas vezes com a história da Tribuna. Como um dos mais antigos colaboradores, Joaquim trabalhou com o jornalista Sílvio de Carvalho produzindo matérias que eram publicadas em edições especiais e até hoje tem seus artigos publicados semanalmente sobre diversos temas entre literatura, cultura e a história da cidade. Após todos estes anos como colaborador, Joaquim demonstra o sentimento de gratidão por fazer parte da história do jornal. “A Tribuna representa a história da vida de Petrópolis desde a sua fundação. E sempre esteve no coração da cidade, atuando por ela. Me sinto muito orgulhoso de fazer parte desta história durante estes anos”, disse..

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