Dª Carolina, “Imagens que ficaram”
A conhecemos e a sua família, quando residentes na bela mansão situada à Rua Saldanha Marinho.
Dª Carolina, casada com o bancário Francisco Corrêa de Castro, nasceu em Recife a 27 de outubro de 1909 e, desde muito jovem dedicou-se à poesia, especialmente a erudita, como assinala a filha Vera no prefácio que fez assinar.
A família residiu nesta encantadora cidade por mais de quarenta anos; aqui vieram ao mundo Edna, Vera e Hélio.
Tenho a convicção que a cidade de Pedro muito lhe inspirou para escrever tão belos textos poéticos.
Assinale-se que, por indicação do insígne poeta Luiz Otávio, cognominado, o Príncipe dos Trovadores, presidiu o Grêmio Brasileiro de Trovadores, seção de Petrópolis, e após a União Brasileira de Trovadores (UBT), entidade que sucedeu ao Grêmio.
Criatura coberta de pendores artísticos como, também, sociais, foi responsável pela realização de quatro jogos Florais de Petrópolis, evento de repercussão nacional.
No prefácio que fez escrever a filha Vera, prematuramente falecida, assim se pronuncia a respeito da mãe:
“…Natureza excepcional, filha da simplicidade, recato e modéstia, em seu mais elevado grau, Carolina declinava amiúde da honra que lhe faziam os microfones disponíveis, repórteres e fotógrafos, fazendo-se sempre substituir por terceira pessoa, a quem delegava poderes para falar a seu respeito, vitórias conquistadas e méritos pessoais…”.
A ora homenageada, a propósito, alçou muitas vitórias através de Concursos de Trovas e Jogos Florais, tendo amealhado, em consequência, menções honrosas, diplomas, troféus e inúmeras medalhas.
Vera, filha querida, assinala, ainda, a respeito da mãe: “…Estes eram a sua pequena vaidade, se assim a podemos chamar, e as colecionava cuidadosamente…”.
Dª Carolina nos fez legar a obra “Imagens que ficaram” que retrata, fielmente, páginas de sua vida e que não só marcaram a extraordinária trajetória da poeta e trovadora, como, também, de todos aqueles que a conheceram e privaram de seu convívio e amizade.
Dª Carolina, figura doce e terna, fez escrever à página vinte e nove da obra em causa, sob o título “Brasil-Portugal”, em homenagem ao sempre lembrado Samuel Corrêa dos Santos, genitor dos caríssimos amigos Humberto e Mário Jorge, além de três outros filhos os quais, como os dois primeiros, fizeram incorporar às suas vidas, o caráter, o sentimento de amizade e a dedicação ao trabalho, justamente lições recebidas do “velho” Samuel e sua esposa, como adiante se lê:
“Brasil-Portugal
A Samuel Corrêa dos Santos
Pelo senso de brio e de valor, / de harmonia, bravura e sensatez, / estamos hoje ao povo português /
ligados pelos vínculos do amor.
Neste país amigo e hospitaleiro, / os nomes de D. Pedro e de Cabral uniram-se no egrégio pedestal, / para orgulho do povo brasileiro.
Dentre tantos amigos lusitanos, / um que vive entre nós há muitos anos, / merece nosso abraço fraternal.
Esta é, pois, uma pálida mensagem / de felicitações e uma homenagem/ que prestamos também a Portugal”.