• Sem pagamento, funcionários das UPAs ameaçam restringir os atendimentos

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  • 19/09/2017 08:55

    Com os pagamentos atrasados, funcionários que atuam nas Unidades de Pronto Atendimento do Centro e de Cascatinha protocolaram ontem no Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde uma pauta de reivindicações e documento informando restrições nos atendimentos à população. A intenção era antecipar uma possível paralisação, mantendo assistência apenas para casos mais graves, classificados como amarelos e vermelhos. 

    Apesar do aviso, ontem à tarde os atendimentos eram realizados normalmente, mas em ritmo mais lento do que o normal. Funcionários confirmaram uma “operação tartaruga” em sinal de protesto, o que deixou as unidades lotadas durante todo o dia e obrigou os pacientes a esperarem mais do que normalmente. Casos graves, no entanto, eram atendidos prontamente, sem problemas. 

     “A unidade está lotada e tem gente esperando atendimento desde a manhã”, comentou a dona de casa Naila Feliz, 28 anos, que buscou atendimento para o filho de três anos em Cascatinha. Ela, assim como outros pacientes nas duas UPAs, reclamou da demora e revelou que foi obrigada a sair para comprar medicamentos para o filho, pois não havia na unidade. “Ela foi medicado, mas tive que comprar os remédios e agora estou aguardando para ver se não vai haver nenhuma reação”, disse ela, que chegou às 13h na UPA e conversou com a Tribuna por volta das 15h50.

    Nas duas unidades, os coordenadores administrativos disseram que as UPAs estavam funcionando normalmente e que a demora no atendimento era devido ao grande número de pessoas. Na UPA de Cascatinha, na manhã de ontem, foi realizada uma reunião com representantes de todas as categorias, quando decidiram continuar o atendimento apesar de não estarem recebendo o salário. No Centro, a unidade recebeu a visita dos representantes do Consórcio Saúde Legal.

    A Prefeitura informou que o funcionamento em ambas unidades das UPAS – Cascatinha e Centro – estava ocorrendo normalmente. Com relação aos pagamentos, garantiu que o município está em dia com os pagamentos à Cruz Vermelha. De acordo com a Prefeitura, o pagamento das rescisões cabe à Cruz Vermelha, empresa que contratou os funcionários das unidades.

    “Fomos hoje (ontem) nas duas UPAS para ouvir os trabalhadores e a situação está muito complicada. Além dos salários de agosto não terem sido pagos, temos ainda a questão dos que foram demitidos e ainda não receberam as rescisões”, disse o presidente do sindicato, Fernando Assumpção.

    De acordo com o sindicalista, diversas reuniões com o secretário de Saúde já foram pedidas mas nenhuma delas foi atendida. “Não nos recebem e nem nos atendem. Não há negociação e nem explicações por parte do governo municipal”, lamentou Fernando.

    A direção da Cruz Vermelha do Estado do Rio de Janeiro, que administra as duas unidades – garante que os repasses ainda não foram feitos. De acordo com a entidade as rescisões dos 42 funcionários demitidos somam aproximadamente R$ 715 mil. Além disso, eles também cobram da Prefeitura os repasses referentes aos meses de agosto e setembro, que ainda não foram feitos, e uma dívida de R$ 2,4 milhões referente a resíduos de repasses atrasados dos anos de 2014 e 2015. Para quitar as dívidas com a Cruz Vermelha e efetuar o pagamento das rescisões de todos os funcionários das UPAS, o que deve ser feito até o fim deste mês, a Prefeitura teria que desembolsar aproximadamente R$ 10 milhões.

    O contrato com a Cruz Vermelha termina no dia 26. A partir desta data, as UPAs passam a ser administradas pelo Consórcio Saúde Legal, vencedor da licitação promovida pelo município no dia 18 de agosto, que já teve homologado o contrato de R$ 26 milhões para administrar as duas unidades, por um ano.



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