• Mulheres jovens garantem vitória de Gabriel Boric no Chile, aponta estimativa

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 20/12/2021 19:50
    Por Estadão

    Mulheres com menos de 50 anos foram determinantes para a vitória do candidato esquerdista Gabriel Boric nas eleições presidenciais do Chile do último domingo, 19. A conclusão é da plataforma eleitoral Decide Chile, da empresa de big data Unholster, após a análise dos dados eleitorais divulgados pelo Serviço Eleitoral (Servel).

    O Servel só divulgará os dados com recortes de idade e gênero para os votos dessas eleições dentro de alguns meses, quando serão analisadas as atas de votação. No entanto, o Decide Chile faz a análise dos dados brutos de eleitores divulgados pelo serviço, conseguindo fazer estimativas de comportamento.

    Segundo a análise, divulgada primeiro pelo jornal chileno La Tercera, a mulheres e os jovens figuram entre os principais responsáveis pela diferença de 970 mil votos entre Boric e o ultradireitista José Antonio Kast. Mulheres de todas as idades são as que aparecem como maiores votantes de Boric, mas entre as com menos de 50 anos a diferença para o voto masculino é ainda maior.

    Mais mulheres votaram no segundo turno

    Entre um turno e outro a participação feminina aumentou significativamente. Cerca de 53% das mulheres com menos de 30 anos votaram no primeiro turno, e 58% daquelas entre 30 e 50 anos. Já no segundo turno essa participação saltou quase 10 pontos porcentuais, para 63% e 67% respectivamente.

    A participação de homens da mesma faixa etária também cresceu de um turno para outro – cerca de 8 pontos porcentuais -, mas ainda ficando abaixo do voto feminino: cerca de 47% dos homens com menos de 30 anos votaram e 57% entre 30 e 50 anos.

    Entre os eleitores de 50 a 70 anos, a distância dos gêneros é menor: 59% das mulheres votaram e 55% dos homens, um aumento de cerca de 10 pontos porcentuais para cada entre um turno e outro. Entre os maiores de 70 anos, a participação foi de 30% para ambos. Entre um turno e outro, houve 1,2 milhão de votos a mais, segundo informações do Servel.

    Cruzando esses dados com as informações das pesquisas de intenções de voto feitas pelo próprio Decide Chile, é possível estimar os votos por grupos. Cerca de 68% das mulheres com menos de 30 anos apoiavam Boric contra 32% que apoiavam Kast. Nos homens da mesma faixa etária a diferença também era grande: 64% para Boric e 36% pra Kast.

    No grupo entre 30 e 50 anos acontece um fenômeno semelhante. Entre as mulheres, Boric obtinha 56% das preferências, com 44% para Kast. Entre os homens, a distância é de seis pontos (53% a 47%). Já nos eleitores entre 50 e 70 anos, a diferença entre os gêneros é menor. Boric pontuava com 53% entre as mulheres e 52% entre os homens.

    Maiores de 70 anos votaram em Kast

    Entre os maiores de 70 anos também há pouco diferença, porém em favor de Kast: 59% dos homens dessa faixa disseram votar no pinochetista e 58% das mulheres.

    “Gabriel Boric venceu em todas as categorias com menos de 70 anos, e Kast apenas naquelas com mais de 70 anos. A direita tem o grande desafio de convocar os jovens e os jovens se querem governar novamente “, afirma Cristóbal Huneeus, fundador da Decide Chile ao La Tercera.

    O Decide Chile também analisou como os votos dos demais candidatos do primeiro turno provavelmente se distribuíram entre Boric e Kast. A estimativa, porém, não consegue separar aqueles eleitores que deixaram de votar entre um turno e outro.

    Os números sugerem que 41,3% dos novos votos de Boric viriam de pessoas que no primeiro turno votaram em Yasna Provoste, Marco Enríquez-Ominami e Eduardo Artés. Já 28,2% seriam decorrentes de eleitores que não participaram do primeiro turno, 25,7% seriam as pessoas que votaram em Franco Parisi e 4,8% votariam em Sebastián Sichel ou no próprio Kast na última eleição.

    Últimas