• Falta de recursos já ameça projetos

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  • 20/08/2017 08:50

    Pelo menos nove instituições petropolitanas que recebiam que mantinham convênios com a Fundação para Infância e Adolescência, FIA, passam por dificuldades financeiras desde que os repasses foram suspensos em 2016. A maior parte delas utilizava o dinheiro para quitar a folha de pagamento dos funcionários. Devido a interrupção da verba elas adquiriram grandes dívidas trabalhistas, precisaram reduzir o quadro de profissionais, e/ou decidiram dispensar pessoas que eram beneficiadas pelos projetos. Decisão difícil para quem escolheu se dedicar aqueles que precisam de algum tipo de ajuda. 

    Esse é o caso Projeto Social C3 que antes do corte da verba atendia 110 crianças consideradas em situação de vulnerabilidade social, ou seja, com indicadores de violência, uso de drogas, entre outros, e atualmente auxilia cerca de 80. O projeto recebia quase R$ 10 mil por mês, que eram utilizados para pagar professores, colaboradores, e comprar mantimentos. Hoje o espaço vive apenas de doações, que nem sempre suprem as necessidades básicas das crianças e adolescentes atendidos, e possui despesa mensal maior que R$ 20. 

    “O débito deixado pela FIA com o projeto, referente aos meses de abril a dezembro de 2016, totalizam R$ 95.700,00. Com isso acumulamos um grande dívida trabalhista! Estamos tentando nos manter sem esse recurso, e não paralisar as atividades. Mas confesso que foi um grande baque”, disse o coordenador do projeto Hélito Couto.

    O mesmo acontece na Creche São Charbel, no bairro Caxambu. Após o corte da verba quatro funcionários do local precisaram ser dispensados. As doações auxiliam em alguns departamentos da creche, porém ainda falta muita ajuda. Como dinheiro para reformar a quadra por exemplo, que se encontra em péssimas condições, e para a construção de um toldo para proteger pais e alunos na área externa da creche. Na última sexta-feira, por exemplo, os pais precisaram aguardar pela saída dos filhos da unidade escolar em baixo de chuva, protegidos apenas por guarda-chuvas. 

    “Tínhamos sete funcionários, alguns mantimentos, e todo o material de limpeza, mantidos pela pelo dinheiro enviado pela FIA, cerca de R$ 11 mil. Atendemos 70 crianças pelo Preserve, que é da FIA, e mais 95 pelo município. Estamos sem receber apoio financeiro da fundação desde março de 2016”, disse a auxiliar de coordenação Roberta Chaves.

    A educadora Maria Terêsa de Souza, é uma das profissionais que eram pagas com a verba da FIA. Ela não foi dispensada junto com os outros funcionários, mas sabe que a situação é complicada. “Quando soube que não haveria mais ajuda da fundação fiquei sem dormir durante dias. Tive muito medo de perder meu emprego. Foi um alívio ficar, e saber que a direção tem feito de tudo para conseguir me pagar. Mas sei que é algo incerto. Apesar disso, vou trabalhando firme e forte torcendo para continuar aqui”, disse apreensiva. 

    Outra instituição que precisa de ajuda imediatamente é o Lar Santa Catarina, que abriga atualmente 36 crianças, jovens e adultos com algum tipo de deficiência, 95% deles não possui familiar ou pessoas que possam assumir seus cuidados. Segundo a supervisora do lar, Carla Stumpf, o gasto mensal no local é de R$ 120 mil, e o maior problema tem sido com a filha de pagamento que é responsável por metade desse despesa, R$ 60 mil.

    “Ainda recebemos muitas doações de mantimentos, graças a Deus! Mas o pagamento dos funcionários ainda é um grande problema. Só não fechamos as portas até hoje porque o Instituto da Criança, no Rio de Janeiro assumiu essa parte do nosso gasto e tem sido nosso braço esquerdo e direito. Mas sabemos que essa ajuda não poderá ser para sempre, e por isso precisamos solucionar esse problema. Além a perda da verba da FIA, R$ 4 mil mensal, estamos sem receber também a verba da Secretaria Estadual de assistência Social e Direitos Humanos desde julho de 2016, essa sim era a nossa maior verba, R$ 42 mil por mês. A situação é muito grave e pedimos a ajuda de todos, pois não temos nenhuma previsão de retorno quanto ao recebimento dessas verbas”, lamentou Carla. 

    A Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) informou que não está medindo esforços para garantir as condições de funcionamento das entidades conveniadas. Por conta da crise econômica, alguns convênios foram suspensos, mas os Núcleos de Atendimento à Criança e ao Adolescente (NACAS) e abrigos foram mantidos, totalizando 16 instituições. Nesse sentido, a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social, em parceria com a Loterj, vem realizando constantes repasses para regularizar essa situação. Cabe frisar que, em alguns casos, o atraso no repasse se deve a pendências de prestações de contas de entidades conveniadas à FIA. Para resolver essa questão, a nova gestão montou, inclusive, uma equipe para analisar e resolver esses processos. A assinatura do acordo de recuperação fiscal com o Governo Federal vai permitir que a Secretaria e a FIA trabalhem na normalização das ações prestadas pela pasta.

    Para ajudar o Projeto Social C3, localizado na Rua Padre Moreira, 109, Valparaíso, basta ligar para os telefones: 24 2249-2979/ 24 98831-6659, ou mandar um e-mail para projetoc3@hotmail.com. Quem quiser ajudar a Creche São Charbel, localizada na Rua Flávio Cavalcante, 51, no Caxambu, pode ligar para o telefone: 24 2242-0027 e buscar mais informações. Já o Lar Santa Catarina, localizado na Rua Prefeito Yedo Fiuza -, 650, Independência, disponibiliza mais informações sobre o projeto e como ajuda através dos telefones: 24  2245 -155/ 24 2231-0024.




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