• Para fazer a alegria da criançada, o bom velhinho está de volta, de máscara e vacinado

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  • 14/12/2021 08:00
    Por Gilberto Amendola / Estadão

    O Papai Noel está vacinado. E, na maioria dos casos, com a terceira dose no braço. Essa é a condição básica para o bom velhinho dar aquele tradicional plantão natalino em lojas, shoppings e eventos na cidade. Além de excluir os negacionistas do papel mais cobiçado da temporada de festas, os novos tempos trouxeram novidades e protocolos para a rotina dos Noéis.

    Vejam o caso de Nilson Rustichelli, 70 anos (12 como Papai Noel). Já com as três doses da vacina contra a covid, ele atua no Shopping Penha, na zona leste de São Paulo. “Antes da covid, as crianças vinham e abraçavam. Agora, está diferente. Existe uma série de cuidados”, contou Rustichelli.

    Os protocolos que envolvem a interação do Noel com crianças e pais são bastante rígidos. “As crianças chegam de máscara. Eu também estou de máscara. A Mamãe Noel coloca a criança em uma poltrona na minha frente. As ajudantes também podem colocar álcool em gel na mãozinha das crianças ou dos pais. As conversas são mais curtas”, disse. Apesar das restrições, o que chama a atenção de Rustichelli é a emoção de pais e crianças em se encontrarem pessoalmente com a figura natalina. “Muitos falam da saudade desse encontro presencial. É emocionante”, disse.

    José Carlos Paviato, 55 anos, é Noel no Santana Parque Shopping, na zona norte de São Paulo. Ele está prestes a tomar sua dose de reforço. Assim como o seu parceiro na Penha, ele também trabalha seguindo os protocolos de distanciamento.

    “As ‘noeletes’ seguram a fila de crianças e passam toda a orientação para o contato com o Noel”, contou. “O que eu sinto é a ansiedade no olhar das pessoas e das crianças. Existe essa ansiedade de retomar o contato pessoal. Mesmo sem o abraço, é possível transmitir carinho”, completou.

    Edson Marcon Oliveira, 68 anos, é Noel do Shopping Continental, na zona oeste da Cidade. “Estou adorando esse retorno. Não temos o aconchego do passado, mas já é muito melhor em relação ao ambiente virtual de 2020”, comemorou. “Não pegamos mais neném no colo. Usamos máscaras. Ainda não teve nenhuma criança tentando puxar minha máscara”, brincou.

    O Noel Archimedes Gil Barretti Júnior, 66 anos, contou que o shopping em que trabalha, o Eldorado (zona oeste), exigiu a relação completa de vacinas e atestado médico para a contratação. “No ano passado, foi frio, online. Nesse ano, mesmo com as restrições, já é uma experiência mais carinhosa. Meu cumprimento com as crianças é com aquele tradicional soquinho que a gente aprendeu a dar na pandemia”, disse Barretti que, no trabalho, usa uma máscara transparente com filtro de carvão. “O trono do Papai Noel também é desinfetado o tempo todo”, completou. Sobre a influência da covid, as conversas entre Noel e crianças mudaram também. “O que a gente mais escuta são as crianças um pouco mais velhas pedindo para a covid acabar e a vida voltar ao normal”, contou Barretti.

    ACOLHIMENTO

    Carlos Dória, 59 anos, é o Noel da Villa de Natal, montada no Parque Villa Lobos. “Mesmo antes da covid, o mercado já pedia por um atendimento virtual, por redes sociais, aplicativos e mesmo por WhatsApp. A covid veio apressar esse atendimento tecnológico”, disse. Mesmo com as ferramentas virtuais ajudando no trabalho, a vida de Noel nas ruas e eventos ganha outra cor. “É muita emoção. Mesmo não podendo abraçar, algumas crianças correm em nossa direção. Elas precisam se sentir acolhidas”, completou. “Fiz um trabalho nas ruas do Rio de Janeiro. O que eu mais ouvia eram crianças perguntando se iriam receber presente ou se o Papai Noel iria visitá-las mesmo com a pandemia”, disse Dória, o Noel (não o governador).

    Antônio Carlos Pereira da Silva, 56 anos, conhecido como Kaká do Social, é um Noel voluntário, com trabalhos em comunidades. Este ano, por exemplo, ele está no Espetáculo de Natal, que acontece no Polo Gastronômico, Cultural e Turístico Largo da Matriz da Freguesia do Ó, na zona norte. “Eu chego na comunidade de máscara e respeitando o distanciamento para dar exemplo para as crianças. A gente acaba virando referência”, disse.

    “Este ano, por conta da pandemia, já ouvi muitas histórias tristes. Crianças e adultos que falam com o Papai Noel sobre a perda de amigos e familiares”, afirmou Pereira. Para ele, mesmo com a situação pandêmica melhorando, existem fatores que um Noel responsável precisa estar atento (e que vão além do distanciamento social e protocolos). “Há pais desempregados, muitas crianças que vão ficar sem brinquedo. As doações caíram drasticamente, em relação ao ano passado. Ser Noel é saber lidar com todas essas questões e ainda passar uma mensagem de esperança”, concluiu.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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