• Mulher conta como venceu vício e deixou a cracolândia

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  • 14/08/2017 16:25

    Um abraço. Bastou apenas um abraço de uma jovem missionária do projeto “Cristolândia”, da Junta de Missões Nacionais da Igreja Batista, para que Silvia Regina Ferreira, 60 anos, decidisse abandonar o crack, deixando a cracolândia em São Paulo e, como afirma, “nascendo novamente”. No sábado (12), ela estava em Petrópolis, acompanhada da missionária Fabíola Molulo, visitando o Palácio de Cristal, e conversou com a Tribuna sobre a importância do trabalho das igrejas na recuperação das pessoas que vivem nas cracolândias espalhadas pelo país. 

    Silvia Regina viveu 14 anos na cracolândia em São Paulo, onde, segundo ela, ficou no fundo do poço e diz estar “vivendo novamente”. “Foi um renascer. Está sendo tudo novo, como, por exemplo, beber água”. Ela afirma que até isto, um gesto de beber água era algo de que ela não identificava mais o valor. Com a recuperação, que ela atribui ao abraço recebido de uma jovem redescobriu o valor da vida. 

    Nos seus vários depoimentos, Sílvia Regina afirma que aquela jovem surgiu como um anjo na sua vida, abraçando-a sem nenhum preconceito, mais demonstrando apenas amor. A partir daí ela ficou questionando como pode uma jovem bonita ter a coragem de abraçar alguém como ela, totalmente entregue ao crack. A resposta para ela hoje é clara, pois não levam a nada além do amor de Cristo.

    Sílvia diz que é muito diferente a abordagem feita por técnicos ligados a programas do governo e por missionários das várias denominações religiosas. “Somos invisíveis aos olhos da sociedade. Sofremos preconceito e quem quer nos ajudar tem que ter a coragem de abaixar, para nos alcançar. Tem que abaixar, tem que vir ao nosso encontro, pois não conseguimos ficar de pé. A abordagem destes religiosos e da experiência que tive com os evangélicos é que eles vão onde estamos, se abaixam para nos abraçar”, comentou. 

    Ela saiu de casa aos 10 anos e viveu na rua até os 18 anos e somente aos 59 anos conseguiu largar o vício e agora estuda missiologia no Rio, para ser missionária e resgatar vidas como a sua, aproveitando toda a experiência que teve ao viver numa cracolândia. Ela foi presa em 1975, quando tinha nascido a sua filha e descobriu que havia sido treinada para ser assaltante pelo próprio pai. Ficou presa por 25 anos, deixando a prisão aos 43 anos. 

    Depois da prisão andou por vários lugares e com medo de ser presa novamente acabou retornando a São Paulo, quando, por causa do vício, acabou na cracolândia, onde levava droga de um lado para o outro para sobreviver. Na visão dela, deixou a prisão para viver outra, o vício do crack. A sua recuperação, como conta, se deu por causa do projeto “Cristolândia”. Eles fizeram uma festa na cracolândia e, neste dia, apesar da droga, rezou para que Deus a ajudasse e procurou ajuda dos missionários. Desde então sua vida mudou e hoje “quero ser missionária para ajudar outros”. 

    Fabíola Molulo, missionária da Junta das Missões Nacionais das Igrejas Batista, disse que este trabalho é muito importante “e como seria bom que todas as igrejas se envolvessem no trabalho para recuperação destas pessoas”. Ela aproveitou a afirmação de Sílvia Regina, quando afirmou que quem ajudar um viciado precisa se abaixar para falar com eles, para frisar que as denominações religiosas quando se dispõem a realizar este trabalho de recuperação, levam principalmente o amor ao ser humano, levam Jesus. “Olhamos e cuidamos do ser humano, não vemos apenas o doente, mais uma pessoa que precisa ser amada”. 

    O trabalho da Junta das Missões Nacionais das Igrejas Batista está presente em oito estados e, segundo Fabíola, em muitas cidades os prefeitos estão pedindo ajuda para recuperar os viciados no crack. “Este é um momento importante e acredito que Deus está promovendo isto para que possamos ajudar a resgatar estas pessoas”. 


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