Hoje o dia também é das Pães
Hoje é comemorado o Dia dos Pais, que para aqueles que cumpre seu papel com amor e dedicação merece todo reconhecimento pela data. Porém, existe uma figura tão importante quanto e que merece também as felicitações e homenagens: são as chamadas pães, as mães que fazem o papel da figura paterna.
São vários os motivos que desafiam a mulher a criar seu filho sozinha. De uma inesperada morte do parceiro, após uma separação e até mesmo a recusa do pai em assumir a criança. Em 10 anos, o Brasil ganhou 1,1 milhão de mães solteiras. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005, o país tinha 10,5 milhões de famílias de mulheres solteiras e com filhos. O mais recente dado do instituto, aponta 11,6 milhões. O percentual aumentou de 25,8% para 26,8%.
Thalise da Silva Martins, descobriu que estava grávida, da pequena Analu Martins, de quatro meses, aos 21 anos. E hoje, aos 22 anos, ela cumpre o duplo papel de mãe e pai. “Quando descobri a gestação estava bem no início. No momento da descoberta, confesso que perdi o chão, achei que minha vida tinha acabado, mal sábia que era apenas o início do maior amor do mundo” diz.
Dentro da estatística das mães que criam os filhos sozinhas, após o pai se recusar em reconhecer o filho, ela diz que contou com ajuda dos familiares e dos amigos durante a gestação. “Eu namorava o pai da minha filha. Era um relacionamento tranquilo, fazíamos vários planos para o futuro. Com a gravidez ele se afastou. Não me deu nenhum apoio, rompendo o namoro. Senti muito por isso, encarar uma gravidez sozinha foi muito difícil, tive momentos bem conturbados”, conta Thalise.
Hoje, Thalise conta com a ajuda de sua mãe na criação da Analu, porém ela diz que ainda encontra algumas dificuldades no seu dia a dia. “Minha mãe me ajuda bastante, mas como pode porque ela trabalha fora. Minha rotina com minha filha é muito complicada. Ela não se adaptou a ficar com as pessoas e com isso me dificulta em trabalhar. Ainda tem o problema de encontrar uma creche pública, e os valores das creches particulares é um absurdo, ou seja, é uma tamanha dificuldade” relata.
Thalise que também não teve a presença paterna, diz que fará o possível para criar e educar a Analu da melhor maneira possível. “Quando engravidei estava na faculdade, mas tive que parar. Pretendo voltar porque, agora, mais do que nunca será importante para o meu e para o futuro da minha filha. Sei que não será fácil cuidar da Ana, trabalhar e estudar, mas não vou desistir. Acho que seria um pouco mais fácil com o pai presente, mas na falta dele a gente tem que suprir, fazer os dois papéis o tempo inteiro de forma que a criança nunca se sinta insegura para tomar qualquer decisão na vida. Se depender de mim não faltará nada para ela”, finaliza.
Criar as filhas sozinha foi o desafio de Maria Teresa Leite, de 57 anos, após a morte do marido. Ela ficou viúva quando as meninas ainda eram adolescentes. “Foi um momento muito difícil da minha vida. Quando meu marido enfartou as meninas só tinham 14 e 15 anos. Me vi sozinha tendo que precisar da ajuda dos familiares para sobreviver. Tinha dias que nem tinha o que comer”, diz Teresa.
Mesmo com toda dificuldade Maria não desistiu de dar uma vida melhor para Débora Machado, hoje, com 36 anos, e Paula Machado, de 35 anos. “Arrumei um emprego aonde eu recebia R$ 300 por mês. Minha sorte foi que não pagava aluguel, dentro dos limites, vivia como podia. Paula arrumou um emprego para me ajudar com as despesas. O sonho de Débora era fazer faculdade de medicina. Com todo sufoco ela fez um cursinho e conseguiu passar. E como pagar um curso tão caro? ”, relata Teresa.
“Fui até a diretora da faculdade de pedi uma bolsa para minha filha. Consegui um financiamento pela própria instituição. O sonho de Débora estava realizado. Ela contava com ajuda de uma amiga para ir para as aulas de carro, já que não tinha dinheiro para ir de ônibus, e quando não dava ela ia a pé mesmo”, fala Teresa.
Unidas, aos poucos a vida de Teresa e das filhas foi melhorando. “Consegui um emprego melhor. A Paula continuava trabalhando e conseguiu se formar em administração e Débora conseguiu se formar em cardiologista. Mesmo como todas as dificuldades que passamos não desistimos. Hoje, olho para minhas filhas formadas e com uma situação boa, vejo que por elas tudo valeu a pena”, finaliza Teresa.