Ministro, fale menos!
As redes sociais, no último fim de semana, fizeram transmitir entrevista concedida pelo ministro do STF, Marco Aurélio Mello.
A tal propósito, sobre o tema discorrido pelo referido magistrado, já havia se manifestado, também, a ministra Carmem Lúcia, Presidente daquele Egrégio Tribunal.
O assunto ventilado, reajuste de vencimentos dos integrantes do Judiciário, eis que a ministra em causa, segundo pudemos colher, manifestou-se contrariamente ao pleito, conforme publicação da jornalista Carolina Brígido, em “O Globo”, quando fez deixar explicitado o posicionamento da magistrada, como se segue: “… apesar de não ter uma opinião unânime entre os ministros do tribunal, Carmem Lúcia considera que a crise econômica não dá margem para esse tipo de pedido, já que a tendência da administração pública será fechar a torneira daqui para frente”.
Segundo o noticiário, através do mesmo jornal, e, ainda, das redes de televisão que tive oportunidade de acompanhar, o ministro Marco Aurélio se manifesta no sentido de que “…também é contra o reajuste salarial dos magistrados neste momento, porque isso desgastaria a imagem do Judiciário…”.
Entretanto, ao prosseguir em seu pronunciamento, acabou por “avançar o sinal”, deixando escapar que “…uma melhoria do meu subsídio, eu veria com bons olhos, porque a vida econômica é impiedosa, e a gente não dá um passo sem meter a mão no bolso, né?”
Após se pronunciar da maneira supra, tempestivamente, acrescentou: “…mas a quadra atual talvez não seja propícia a se pensar na revisão dos subsídios”.
Vale, pois, consignar que ainda bem que o magistrado corrigiu-se a tempo, eis que o trabalhador brasileiro encontra-se à míngua em matéria salarial, tendo, outrossim, que “meter a mão no bolso”, da mesma forma como o magistrado em questão, todavia, o bolso a se encontrar, invariavelmente, vazio.
Desta forma, em decorrência do momento por que atravessa o país, com quatorze milhões de desempregados, com desníveis salariais gritantes, com servidores, no âmbito do estado do Rio de Janeiro, sem receber vencimentos e aposentadorias, torna-se prudente que se pense duas vezes sobre o que falar, ou melhor, que se fale menos e aja-se mais.
Vale, portanto, o “puxão de orelhas” que, em passado não tão longínquo, justamente por se tratar de um parlapatão, o ditador Hugo Chaves, acabou por ouvir do Rei da Espanha Juan Carlos, a repreenda: “por que não te calas?”.