• Nos desvãos da memória

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  • 09/08/2017 12:00

    Há 160 anos raiava a imprensa em Petrópolis, justo quando estava em discussão na Assembleia provincial o projeto de lei que criava o município e elevava a freguesia de São Pedro de Alcântara à categoria de cidade.

    Pela mão do madeirense Bartolomeu Pereira Sudré veio a lume em março de 1857 o jornal Mercantil que durou até 1892 quando resolveu-se na Gazeta de Petrópolis. Em dezembro do mesmo ano, apareceu O Parahyba fundado por Augusto Emilio Zaluar e que teve como redatores Remigio de Senna Pereira e Quintino Bocaiuva, este produzindo matérias com enorme senso crítico. Foi n’ O Parahyba que começou sua carreira jornalística o descendente de irlandeses Thomas Cameron, que em meados dos anos sessenta dos oitocentos fundou O Pharol, em Paraíba do Sul, depois transferido para Juiz de Fora. De volta a Petrópolis na década de setenta, Cameron foi redatar o Mercantil onde ficaram famosos seus editoriais concisos e precisos.

    Lamentavelmente, ninguém sabe onde foram parar as coleções do Mercantil. A Biblioteca Municipal só as possui a partir de 1876. Em compensação, O Parahyba, de vida efêmera, foi salvo graças ao empenho de Felipe Faulhaber que fez encadernar em dois grossos volumes os exemplares do periódico em epígrafe, doando-os à Biblioteca petropolitana.

    O Parahyba foi contemporâneo das batalhas eleitorais que se travaram nesta urbe até a instalação da municipalidade em junho de 1859 e da construção da estrada União e Indústria. Abrigou em suas colunas matérias não só de interesse local, mas de alcance regional. Seus colaboradores e correspondentes ocuparam-se de temas referentes à agricultura, à imigração e à colonização, aos incipientes projetos ferroviários, à escravidão, aos ensaios industriais.

    Foi também n’ O Parahyba, que Jean Baptista Binot fez publicar artigos memoráveis, já defendendo a natureza petropolitana, numa época em que não se falava em ecologia, já denunciando as agressões ao plano Koeler, máxime naquilo que concernia à construção civil nas áreas nobres do quarteirão Vila Imperial.

    Frederico Damke testemunha ocular da formação e do desenvolvimento da colônia germânica de Petrópolis, da qual foi escrivão, tradutor e estatístico, fez das colunas d’ O Parahyba a trincheira para defender sua reputação ante as calúnias levantadas por inescrupulosos indivíduos da ala colonial.

    Vale ainda registrar que durante o período monárquico Petrópolis teve um jornal alemão chamado Brasilia de cuja existência não foram encontrados vestígios na Biblioteca Municipal.

    É tudo dizer neste ano da graça de 2017 quando a imprensa petropolitana comemora 160 anos de existência.

    NOTÍCIAS

    No dia 17, quinta-feira, às 19h, no Cine Teatro do Museu Imperial, haverá a sessão de posse de três novos associados correspondentes: o historiador Paulo Knauss de Mendonça, diretor do Museu Histórico Nacional (MHN), o historiador Bruno da Silva Antunes de Cerqueira, presidente do Instituto Cultural D. Isabel I a Redentora (IDII) e o arquiteto Luciano Cavalcanti de Albuquerque, conservador dos Museus Castro May

    Nosso associado e vice-presidente, Joaquim Eloy pronunciou palestra na sessão da Academia Petropolitana de Letras em comemoração do 95º aniversário da querida instituição, realizada na noite de 6 de agosto de 2017.

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