• Parceiros de Ouro II

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  • 06/08/2017 09:00

    “A destruição da memória afeta não apenas o passado, como também o futuro. Para mim, a memória é a forma mais alta de imaginação humana, não é apenas a capacidade automática de recordar. Se a memória se dissolve o homem se dissolve” – Octávio Paes (Prêmio Nobel de Literatura em 1990). Dando seguimento à série intitulada Parceiros de Ouro, que visa mostrar aos leitores o importante trabalho que é prestado por esses parceiros em benefício da cidade de Petrópolis e de sua população sob os mais variados aspectos, vamos enfocar os belos trabalhos desenvolvidos pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Na última reunião do Comcidade, da qual participei como conselheiro, uma pessoa pediu a palavra e falou que os órgãos de tombamento atrapalham o desenvolvimento da cidade de Petrópolis. Não sei porque me veio à mente o nosso querido Sérgio Porto (1923-1968), que foi um cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro. Era mais conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta e foi o criador do FEBEAPÁ – Festival de Besteiras que Assola o País. 

    A pessoa, que deveria ser um representante de alguma construtora, sem sombra de dúvidas não pensava em Petrópolis e sim em ganhos próprios, seguindo a atual moda brasileira. Como esclarece o Inepac em seu livro Educação para o Patrimônio Cultural editado em 2014: “O patrimônio cultural consiste de tudo o que a sociedade preserva com objetivo de garantir a sobrevivência de sua história e de sua cultura, como o patrimônio arquitetônico – palácios, igrejas, museus, monumentos, casarios; a produção intelectual – artes plásticas, literatura, música, cinema, fotografia; os bens naturais – rios, montanhas, florestas, praias, lagoas, dunas, costões; os bens imateriais – costumes, tradições, folclore e ritos dos mais diferentes grupos que integram a sociedade.” O objetivo da preservação é fazer que a cidade não seja descaracterizada das suas tradições e costumes que fazem parte da sua história. 

    A nossa Petrópolis além de ser uma cidade histórica é também imperial e merece que toda essa cultura seja preservada e transmitida, como forma sustentável de manter a sua memória. “O Inepac sempre dá sinais claros de sua disposição revitalizadora. Três ideias matrizes vêm animando esse trabalho: 1. A diversidade ilimitada do bem cultural deve ser reconhecida e louvada; 2. O patrimônio não constitui um acervo de coisas passadas, mas ao contrário, é parte viva e poética do povo e dos artistas; 3. As populações com sua sabedoria local, devem participar ativamente da defesa de um patrimônio que é seu.” – Ítalo Campofiorito (Conselho Estadual de Tombamento – CET).

     A Constituição de 1988 ampliou ainda mais as formas de proteção e também designou a estados e municípios a atribuição de proteger seu patrimônio cultural. Diversas leis dão amparo legal aos trabalhos do Inepac e do Iphan freando as ações e anseios puramente materiais de determinados grupos que só pensam em seus ganhos próprios mesmo que resultem na falência cultural da cidade. Várias normas e decretos resultam dessas leis definindo a operacionalização dos procedimentos de responsabilidade dos órgãos de tombamento. Como podemos falar de sustentabilidade e assistir passivos a descaracterização cultural da nossa cidade? “O patrimônio cultural é de todos nós! Façamos dele alimento para a juventude e testemunho do esmero com nossa herança cultural para as gerações do porvir. ” – Rafael Gomes (Museólogo). Obrigado Inepac e Iphan pelo trabalho que realizam em Petrópolis. A cultura, o bom senso, a inteligência, a qualidade de vida e a sustentabilidade agradecem.

    achugueney@gmail.com

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