A maioria manda, raros executam
O governo alardeia o desemprego de 14 milhões de cidadãos, resolve dar uma solução sem conhecimento de causa – muda a Lei Trabalhista, a Previdenciária Social entre outras medidas, contrariando um princípio básico – o conhecimento do assunto, porque lhes falta o principal – a vivência no “métier”. Todos sabem mandar mas raros sabem executar. Desconhecem por exemplo que o mercado, de um modo geral, recusa determinadas pessoas com idade acima dos 50 anos (conheço vários), por mais eficientes que sejam e os “ditos intelectuais” aumentam a aposentadoria para só depois dos 60 anos quando tal detalhe nunca poderia ser por idade mas por tempo de contribuição – uma obviedade que só sente quem sai prejudicado pela lei redigida por incompetentes.
Em determinados segmentos, a vivência está acima de qualquer curso superior que, a grosso modo, se baseia em simples estatísticas já que não se pode confiar nos “ibopes da vida”, sempre manipuladas, como foi recentemente comprovado no governo petista e como são engendradas, vergonhosamente, as pesquisas eleitorais. Aliás, Roberto Campos já dizia: “Devemos usar as estatísticas como o bêbado usa o lampião – como ponto de apoio, não para iluminação.”
Mesmo não me considerando superior a ninguém, aos 84 anos posso, sem acanhamento, comprovar com recente desmerecimento sofrido por quem, mais jovem, se dizia “possuidora de um grande currículo” dentro do segmento público, recusando minha ajuda “sabendo muito bem o que deveria fazer”. Hoje, após quatro anos de decadência, me atrevo a compor a nova diretoria para colocar ordem na Casa e consertar tantos “maus feitos” em tão pouco tempo. Esta é a realidade que poucos alcançam e que pesam em qualquer segmento do setor privado, mas não do setor público que só sabem se apoiar na eterna “burrocracia” para camuflar incompetência ou comodismo, como é peculiar.
Há muito que todos querem alcançar um curso superior para preencher seu currículo mas raras vezes com competência e preparo, ignorando que tal curso lhes dá a base, não o conteúdo necessário que só adquire ao longo do tempo ao desenvolver sua especialidade com a humildade de aceitar observações dos mais velhos e esperientes. Esta é a falha que, há muito, contamina as novas gerações, de um modo geral como quando, no ambiente de trabalho, ao ser aprovado no vestibular, um colega alardeou que já poderia ser preso com direito à prisão especial e de pronto observei: “Que esta não seja a meta em sua faculdade”. O fato ocorreu há cerca de 40 anos e já naquela época, o entusiasmo pela carreira profissional era relegada a segundo plano sem a dedicação e o entusiasmo necessários como amiúde se vê, ainda hoje, pois a maioria se julga um sapiente em função de duvidoso diploma.
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