• Novos super-heróis chegam com ‘Eternos’

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  • 03/11/2021 08:30
    Por Mariane Morisawa, especial para o Estadão / Estadão

    Que ano o de Chloé Zhao. Em abril, ela se tornou a segunda mulher a ganhar o Oscar de direção por Nomadland, uma produção modesta que levou também as estatuetas de filme e atriz para Frances McDormand. Agora, a diretora chinesa radicada nos EUA lança Eternos, com orçamento no mínimo 40 vezes maior, elenco com estrelas como Angelina Jolie e Salma Hayek e a marca do Universo Cinematográfico Marvel. O filme tem pré-estreia nesta quarta-feira, 3, e estreia oficial na quinta. “Aprendi muito nos meus três filmes anteriores e tive sorte que a equipe de Eternos me deixou trazer o que absorvi para este longa”, disse Zhao ao Estadão, por videoconferência.

    Fazer uma produção dos Estúdios Marvel parece um tiro certeiro para quem tem na bagagem longas com atores não profissionais que investigam a paisagem e a gente americana. Mas, como disse Kit Harington, que interpreta Dane Whitman, não existe isso no cinema. “É um erro entrar em um projeto achando que definitivamente vai ser bem-sucedido.”

    GRANDES APOSTAS. Eternos é um dos mais arriscados projetos do UCM. O filme apresenta de uma só vez dez novos heróis: Sersi (Gemma Chan), Ikaris (Richard Madden), Ajak (Salma Hayek), Thena (Angelina Jolie), Kingo (Kumail Nanjiani), Duende (Lia McHugh), Phastos (Brian Tyree Henry), Druig (Barry Keoghan), Makkari (Lauren Ridloff) e Gilgamesh (Don Lee). Todos são seres imortais e extraterrestres que vivem na Terra há milênios e moldaram a história da humanidade. O filme pula entre o presente e cenas históricas com a presença dos Eternos.

    De cara, isso impõe uma questão, feita pelo humano Dane Whitman, o namorado terráqueo de Sersi (mas muito mais que isso no universo Marvel): por que, então, eles não impediram guerras, o Holocausto e Thanos? Porque sua missão era apenas proteger os frágeis Homo sapiens das criaturas conhecidas como Deviantes. Eles conseguiram eliminá-los séculos atrás e dispersaram. Alguns viveram bem, como Sersi, sempre apaixonada pelos humanos, mesmo tendo visto tudo do que são capazes. “Estou na Terra há muito menos tempo e tenho dificuldades com isso. Minha opinião sobre a humanidade muda dia a dia, com tudo o que está acontecendo”, disse Gemma Chan. A reunião dos Eternos acontece porque os Deviantes estão de volta.

    BUSCA POR RESPOSTAS

    Muitas das marcas registradas de Zhao estão lá – e não apenas as belas cenas ao pôr do sol. Os temas, por exemplo, afinam-se com trabalhos anteriores. “Gosto da ideia de nos lembrarmos de que fazemos parte de algo maior. Não cresci religiosa, mas, nos meus filmes, procuro a resposta para as perguntas: por que estamos aqui? Qual nossa relação com o universo, com nosso planeta, com a natureza? E acho que Eternos aborda isso em grande escala”, explicou.

    Refletindo recentemente, ela percebeu que seus filmes celebram a força feminina, seja no caubói de Domando o Destino, na mulher que perde tudo em Nomadland ou nos super-heróis de agora. “Todos temos o yin e o yang em nós. Às vezes, é difícil acessarmos a água, porque precisamos do fogo para nos proteger. Mas meus filmes tentam trazer mais água, ou seja, mais natureza, vulnerabilidade, amor.”

    Harington concordou e acrescentou. “Muitas vezes há uma imposição para reagir com força masculina. E, neste filme, os homens não reagem da maneira que se espera. Dane, por exemplo, não se sente intimidado por estar com uma mulher poderosa. Gilgamesh e Kingo também são assim. Há uma suavidade nos homens aqui que gostei de ver.”

    As duas líderes são mulheres: Ajak e Sersi. Zhao sentiu-se próxima a elas. “Ajak precisa tomar decisões difíceis, como todo líder. E tem força para isso. Sersi tem de acreditar que pode liderar. Eu lido com esses dois lados”, disse. “Acho que, sendo homem ou mulher, é preciso ter os dois para não perder a humildade. Como líder, você sempre deveria questionar se tem capacidade de liderar.”

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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